Macron diz que paz não é construída com humilhação da Rússia
O presidente da França, Emmanuel Macron, defendeu nesta segunda-feira (9), em discurso ao Parlamento Europeu, que, para terminar a guerra na Ucrânia, a paz terá de ser construída sem "humilhar" a Rússia.
"Amanhã teremos uma paz a construir. É preciso nunca esquecer isso. Teremos que fazê-lo com a Ucrânia e a Rússia ao redor da mesa", disse o líder francês, enfatizando que "isso não seja feito com exclusão mútua, e nem mesmo com a humilhação de qualquer uma das partes".
Em discurso em Estrasburgo para a cerimônia de encerramento da Conferência sobre o Futuro da Europa, Macron também afirmou que, "quando a paz voltar ao território europeu", será necessário "construir novos equilíbrios de segurança" sem "nunca ceder à tentação ou humilhação, nem ao espírito de vingança".
O líder francês fez relação com o Tratado de Versalhes, concluído após a Primeira Guerra Mundial e marcado pela "humilhação" da Alemanha, e lembrou que "já devastaram demais os caminhos da paz no passado".
Para ele, os europeus precisam "fazer tudo para que a Ucrânia possa resistir", além de "preservar a paz no resto do continente e evitar qualquer escalada" da guerra com Moscou.
O líder francês defendeu ainda a criação de uma "comunidade política europeia" para incorporar candidatos à adesão à União Europeia (UE), como a Ucrânia, uma vez que todo o processo em curso pode levar "décadas".
Segundo ele, essa comunidade "permitiria que nações europeias democráticas aderindo aos nossos valores fundamentais encontrem um novo espaço para contribuição política, segurança e cooperação".
"Devemos nos orgulhar dessas eleições efetivas, sem as quais não estaríamos aqui hoje para falar sobre isso. Ser eficaz significa responder de forma compacta sem deixar ninguém para trás. E para isso será necessário reformar os Tratados", enfatizou ao Parlamento Europeu.
Macron lembrou ainda que, diante da invasão de seu território pela Rússia, a Ucrânia solicitou a adesão "sem demora" à UE, mas os países e instituições do bloco reagiram com cautela, já que o processo é extremamente longo e complexo.
O presidente francês disse que "mesmo que a Ucrânia seja reconhecida como candidata à adesão - um passo essencial no procedimento - sabemos perfeitamente que o processo leva muitos anos, ou várias décadas".
De acordo com Macron, vários países têm atualmente o status formal de candidatos à adesão (Albânia, Montenegro, Macedônia do Norte, Sérvia e Turquia), e acrescentou que enquanto o processo prossegue, é necessário aderir politicamente a eles.
Por fim, o chefe de Estado enfatizou que novas sanções contra a Rússia continuarão sendo adotadas "para parar a guerra, mas também agiremos com responsabilidade para evitar que o conflito se espalhe ainda mais".