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Maduro desiste de sair da Venezuela para discursar na ONU

Presidente diz que prefere ficar 'tranquilo e em segurança' em meio a rumores de que estaria temendo um golpe de aliados mais próximos

13 set 2019 - 14h15
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Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em Caracas
28/07/2019
REUTERS/Manaure Quintero
Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em Caracas 28/07/2019 REUTERS/Manaure Quintero
Foto: Reuters

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, desistiu de discursar na Assembleia-Geral da ONU, no fim do mês, em Nova York, em meio à crise no país e rumores de que ele estaria desconfiado de seu círculo de colaboradores mais próximos.

"Este ano não vou", disse Maduro. "Ficarei aqui trabalhando com vocês, mais seguro e mais tranquilo"

Irão em seu lugar a vice-presidente Delcy Rodríguez e o chanceler Jorge Arreaza. Os dois prometem levar ao secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, um abaixo-assinado de 12 milhões de assinaturas contra as sanções impostas pelos Estados Unidos ao país. Segundo Maduro, o texto mostrará ao mundo " a verdade do que acontece na Venezuela".

O Departamento de Estado americano acusou os chavistas de vincular as assinaturas da população à entrega de cestas básicas com alimentos, em meio à uma grave crise de escassez de alimentos no país, algo que Maduro nega.

As sanções, que começaram em 2017, impedem a venda de petróleo venezuelano para os EUA, congelam os ativos do governo chavista no país e proíbe empresas com negócios em território americano de comercializar com a Venezuela.

Maduro sob pressão

Maduro vive um ano de pressão interna e externa na Venezuela. Desde janeiro, o presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, lidera uma campanha internacional contra o presidente e pede sua saída do poder, após ter se autodeclarado presidente interino do país, por julgar a votação que reelegeu Maduro fraudulenta.

Apesar disso, a oposição não controla nenhum aparato do Estado venezuelano e conta com apoio diplomático de mais de 50 países.

Em abril, Guaidó liderou um levante frustrado contra Maduro, que contou com o apoio de alguns focos militares. Desde então, o líder chavista redobrou a preocupação com dissidências internas, principalmente nas Forças Armadas, que são fiadores de seu governo.

O governo americano tem mantido canais informais com dois dos principais homens do chavismo, o ministro da Defesa Vladimir Padrino - que chegou a participar das discussões do movimento contra Maduro, segundo o Washington Post - e o número dois do chavismo Diosdado Cabello, acusado nos Estados Unidos de corrupção e narcotráfico.

OEA aprovou tratado da Guerra Fria contra o chavismo

A Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou nesta quarta-feirauma proposta de convocação de reunião que pode ativar o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (Tiar).

O pacto, da época da Guerra Fria, prevê a defesa mútua dos países do continente em caso de ataques externos e foi defendido pelo presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, como uma forma de pressionar o governo de Nicolás Maduro. No limite, a ativação do tratado abre caminho para uma intervenção militar na Venezuela.

Apesar disso, diplomatas brasileiros afirmam que o cenário não será o de adoção de instrumentos de força. O Brasil se uniu a Colômbia, EUA e aos representantes de Guaidó para apresentar a proposta ontem à OEA.

Apenas 26% dos hospitais da Venezuela têm água

Os recentes apagões que atingiram o sistema elétrico na Venezuela agravaram as condições do sistema de saúde do país. Segundo uma pesquisa feita pela Universidade Central da Venezuela e divulgada na quarta-feira, 11, apenas 26% dos hospitais do país têm serviço de água diariamente. Em média, os centros médicos venezuelanos contam com 6 horas e 48 minutos de energia elétrica por dia.

Nos últimos meses a entrada de equipamentos básicos de saúde no país, liberada após um acordo entre governo e oposição e intermediado pela Cruz Vermelha, melhorou as condições de atendimento em prontos-socorros e centros cirúrgicos da Venezuela. Apesar disso, o colapso do sistema de saúde local é iminente.

"Nenhuma ajuda humanitária substitui um sistema de saúde decente", disse à agência Bloomberg o médico Julio Castro, autor do estudo.

Estadão
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