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Mãe protege bebê com o corpo durante explosão em Kiev

Filha de seis semanas estava no colo da mãe quando explosão aconteceu; estilhaços atingiram residências de civis em Kiev

21 mar 2022 - 20h23
(atualizado às 20h24)
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As imagens de uma mulher ucraniana de 27 anos segurando um bebê perto do peito em uma cama de hospital viralizaram nesta segunda-feira, 21, como um símbolo do preço pago pelos civis de Kiev pela invasão da Rússia na Ucrânia. Olga, que não informou o sobrenome, estava em casa quando uma explosão aconteceu em um lugar próximo. Atingida, ela protegeu a filha de seis semanas com o corpo.

Nas fotos compartilhadas, Olga está perto do companheiro Dmitro. Sua cabeça está embrulhada em um curativo e seu rosto está coberto de arranhões.

Ela descreveu em uma entrevista à Reuters neste domingo, 20, a sensação de pânico depois que estilhaços e vidros da explosão atingiram a sala dela. Enquanto a filha aparecia suja de sangue, seu parceiro, Dmitro, avisou que o sangue era dela, não da bebê.

Olga, de 27 anos, conseguiu proteger seu bebê de um ataque em Kiev
Olga, de 27 anos, conseguiu proteger seu bebê de um ataque em Kiev
Foto: Reuters

Olga tinha acabado de acordar para dar banho e alimentar sua filha, Victoria, quando a explosão aconteceu. Ela estava sentada com Victoria no colo, as duas cobertas por um cobertor. "E foi isso que manteve o bebê vivo. Eu a cobri [com o corpo] a tempo", disse ela ao canal. "E então Dmitro pulou e nos cobriu também."

O Hospital Infantil Ohmatdyt, em Kiev, escreveu nas redes sociais na sexta-feira, 18, que a família foi internada naquela manhã por ferimentos ligados a estilhaços da explosão perto de sua casa. Os médicos trataram a perna ferida do companheiro da ucraniana e "realizaram uma cirurgia em Olga, removendo vários fragmentos presos em seu corpo", disse o hospital.

"Eu não acordei da explosão. Acordei com os gritos de Olga e com o som de vidro se quebrando", disse Dmitro à Reuters. "Eu nem ouvi a explosão, porque o som do vidro era muito mais alto."

"Quando saí, vi que a bomba atingiu um jardim de infância perto de nossa casa", disse Dmytro ao hospital. "Não há mais tetos e as casas próximas não têm mais janelas e portas. Os pedaços do vidro voaram direto para nós."

Um médico de Ohmatdit, Anatoli Timoshenko, disse à Reuters que os seios de Olga estavam feridos e que ela tinha "múltiplas feridas profundas na testa", mas que "o bebê não estava ferido".

Em uma explosão semelhante há quase duas semanas em Mariupol, distante cerca de 800 quilômetros a sudeste de Kiev, um ataque aéreo atribuído à Rússia destruiu uma maternidade, e uma foto de uma mulher grávida sendo carregada em uma maca por equipes de emergência também deu destaque aos danos da guerra. A Associated Press informou depois que os dois tinham morrido.

Em uma declaração conjunta na semana passada, os líderes da Organização Mundial da Saúde e duas outras agências das Nações Unidas disseram que "mais de 4,3 mil nascimentos ocorreram na Ucrânia desde o início da guerra e 80 mil mulheres ucranianas devem dar à luz nos próximos três meses" em meio a repetidos ataques contra instalações de saúde e suprimentos "perigosamente baixos" de "oxigênio e suprimentos médicos, inclusive para o gerenciamento de complicações na gravidez".

Estadão
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