Mafioso italiano que se escondeu em SP contará segredos do PCC e do Comando Vermelho, diz jornal
Vincenzo Pasquino, apontado como principal intermediário de cocaína da América do Sul para a ‘Ndrangheta, fará delação à Justiça da Itália
O mafioso Vincenzo Pasquino assinou um acordo de colaboração com a Justiça da Itália. Extraditado para a Itália em março, ele é apontado como o maior intermediário do tráfico de cocaína da América do Sul para a máfia 'Ndrangheta, a mais poderosa organização criminosa da Itália, que atua na região da Calábria.
Com o acordo, Pasquino, de 34 anos, deverá entregar informações sobre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e sobre o Comando Vermelho (CV), além de três poderosas famílias de sua organização, informou o Estado de S.Paulo.
O jornal aponta que Pasquino pode provocar um terremoto na 'Ndrangheta, similar ao provocado na Cosa Nostra, a máfia da Sicília, por Tommaso Buscetta nos anos 1980. Igual ao siciliano, Pasquino foi preso no Brasil e, antes de sua extradição, já havia iniciado colaborações com a Justiça italiana. A reportagem não localizou a defesa do mafioso.
Pasquino passou por interrogatórios em novembro e em dezembro de 2023, na Penitenciária Federal de Brasília. Na ocasião, admitiu o envolvimento com as atividades criminosas da máfia calabresa.
Em 6 de junho, Pasquino informou ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, que havia decidido participar de um acordo com a Justiça italiana. Este acordo funciona de forma semelhante à colaboração premiada no Brasil.
Preso em Roma, o mafioso estava na 'Ndrangheta desde 2011 e foi extraditado para a Itália em março deste ano. Pasquino estava escondido no bairro Tatuapé, em São Paulo, onde deixou a barba crescer para não ser reconhecido. De um apartamento na Rua Aguapeí, onde vivia com sua mulher, Morena Maggiore, ele era responsável pela logística do transporte da droga.
“O senhor Pasquino decidiu-se pelo caminho da colaboração com a Justiça, dando declarações e confissões que, já no estado atual (no início das conversas), parecem relevantes também para investigações reservadas à jurisdição da República do Brasil, referindo-se ao tráfico internacional de entorpecentes organizado por grupos criminosos brasileiros ligados ao Primeiro Comando da Capital e ao Comando Vermelho”, escreveu o procurador italiano no documento ao qual o Estadão teve acesso.
De acordo com o Estado de S.Paulo, Pasquino deve entregar, além de detalhes do PCC e do CV, um mapa com rotas internacionais de cocaína e contatos de narcotraficantes turcos e operadores chineses ligados à lavagem de dinheiro.