Mais de 160 migrantes morrem em naufrágios no Mediterrâneo
Embarcações afundaram na costa da Líbia nos últimos dias, elevando o total de migrantes mortos na travessia a mais de 1.500 neste ano
Mais de 160 migrantes morreram afogados em dois naufrágios na costa da Líbia na semana passada, informou nesta terça-feira, 21, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) da ONU.
Segundo a porta-voz da OIM, Safa Msehli, pelo menos 102 migrantes morreram na sexta-feira, após o barco de madeira em que viajavam ter virado perto da costa líbia. Outras oito pessoas foram resgatadas com vida e levadas para terra.
O segundo naufrágio aconteceu no sábado. A guarda costeira da Líbia recuperou pelo menos 62 corpos. No mesmo dia, uma terceira embarcação foi interceptada, com pelo menos 210 migrantes a bordo.
Travessia mortal
Com as mais recentes vítimas, subiu para cerca de 1.5000 as mortes na rota do Mediterrâneo Central somente em 2021, segundo Safa Msehli. A travessia é considerada uma das mais mortais do mundo. Mesmo assim, os migrantes se arriscam e partem da Líbia, da Argélia e da Tunísia em direção aos territórios da Itália e de Malta, em busca de um futuro melhor.
Nos últimos meses, foi registrado um aumento súbito de travessias e de tentativas, muitas delas frustradas, de partir da Líbia rumo à Europa, à medida que as autoridades líbias aumentaram a repressão contra migrantes, sobretudo na capital, Tripoli.
Cerca de 31.500 migrantes foram interceptados e voltaram para a Líbia em 2021, o que significa um crescimento de 164% em relação aos 11.900 migrantes do ano anterior, de acordo com a OIM.
Em 2020, cerca de 980 migrantes foram mortos ou presumivelmente mortos, informou a agência da ONU.
Tráfico de pessoas
A Líbia emergiu como um ponto de passagem dominante para os migrantes que fogem da guerra e da pobreza em África e no Oriente Médio.
O país, rico em petróleo, mergulhou em um caos securitário após a queda do regime do ditador Muammar Kadafi, em 2011.
Redes organizadas têm aproveitado o caos no país para traficar migrantes, colocando, muitas vezes, estas pessoas em risco de vida.
Os migrantes interceptados são levados de volta à Líbia, país que não é considerado um porto seguro, e colocados em centros de detenção superlotados, onde ficam expostos, segundo denúncias de organizações internacionais, a abusos, trabalhos forçados, espancamentos, violações ou tortura.
Investigadores da ONU defenderam, em outubro, que os abusos e os maus-tratos infligidos aos migrantes na Líbia devem ser considerados como crimes contra a Humanidade.