Mais de 60 países pedem uso "responsável" de inteligência artificial para fins militares
Mais de 60 países, incluindo Estados Unidos e China, assinaram um modesto "chamado à ação" nesta quinta-feira endossando o uso responsável da inteligência artificial (IA) nas Forças Armadas.
Especialistas em direitos humanos e acadêmicos observaram que a declaração não era juridicamente vinculativa e não abordava questões como drones guiados por inteligência artificial, "robôs de abate" que podem matar sem intervenção humana ou o risco de que uma inteligência artificial pudesse escalar um conflito militar.
No entanto, a declaração foi um resultado tangível da primeira cúpula internacional, co-organizada pela Holanda e Coreia do Sul esta semana em Haia.
Os signatários disseram que estão comprometidos em desenvolver e usar IA militar de acordo com "obrigações legais internacionais e de uma forma que não prejudique a segurança, estabilidade e responsabilidade internacionais".
Os organizadores não convidaram a Rússia após a invasão da Ucrânia em 2022, que Moscou chama de "operação militar especial". A Ucrânia não compareceu. Israel participou da conferência, mas não assinou a declaração.
A subsecretária de Estado para Controle de Armas dos Estados Unidos, Bonnie Jenkins, apresentou uma estrutura para o uso militar responsável da inteligência artificial.
Os Estados Unidos e outras potências militares relutam em concordar com quaisquer limitações legais ao uso da inteligência artificial por medo de que isso os coloque em desvantagem em relação aos rivais.
A proposta norte-americana diz que os sistemas de armas de inteligência artificial devem envolver "níveis apropriados de julgamento humano", de acordo com as diretrizes atualizadas sobre armas autônomas letais emitidas pelo Departamento de Defesa no mês passado.
O representante da China, Jian Tan, disse na cúpula que os países devem "se opor à busca de vantagem militar absoluta e hegemonia por meio da inteligência artificial" e trabalhar por meio da Organização das Nações Unidas (ONU).
Jessica Dorsey, professora assistente de direito internacional na Universidade de Utrecht, disse que a proposta dos Estados Unidos é uma "oportunidade perdida" para a liderança e que a declaração da cúpula é muito fraca.
"Isso abre caminho para os Estados desenvolverem inteligência artificial para fins militares da maneira que acharem adequada, desde que possam dizer que é 'responsável'", disse ela. "Onde está o mecanismo de execução?"