Manifestantes invadem gabinete de premiê do Sri Lanka
Presidente e primeiro-ministro não renunciaram a seus cargos
Manifestantes invadiram nesta quarta-feira (13) o gabinete do primeiro-ministro do Sri Lanka, Ranil Wickremesinghe, que havia prometido renunciar ao cargo e acabou nomeado presidente interino.
Cidadãos cingaleses descontentes com a crise econômica ignoraram um estado de emergência decretado pelo governo, enquanto o presidente Gotabaya Rajapaksa fugiu do país para as Maldivas.
Em discurso televisionado, Wickremesinghe disse que instruiu o Exército e a polícia a fazer "o que for necessário para restabelecer a ordem". No entanto, vídeos mostram agentes de segurança parados enquanto manifestantes invadem o gabinete do premiê e tiram fotos.
Após a invasão ao palácio presidencial de Colombo no último fim de semana, Rajapaksa havia prometido entregar o cargo nesta quarta-feira, e Wickremesinghe também disse que renunciaria para permitir a formação de um governo de união nacional.
No entanto, o chefe de Estado não abdicou formalmente e ainda nomeou o premiê para exercer a presidência em sua ausência, enfurecendo os manifestantes. "Não podemos rasgar nossa Constituição e permitir que fascistas assumam o poder. Precisamos encerrar essa ameaça fascista à democracia", disse Wickremesinghe em seu discurso nesta quarta.
Com cerca de 22 milhões de habitantes, o Sri Lanka enfrenta sua pior crise econômica desde sua independência do Reino Unido, em 1948, com inflação galopante, blecautes recorrentes e escassez de combustíveis e itens alimentares.
Sem reservas internacionais disponíveis, o país já deu um calote de US$ 51 bilhões em sua dívida externa e agora busca um resgate do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Em maio, a repressão a protestos contra o governo já havia deixado nove mortos no Sri Lanka, forçando a renúncia do então premiê Mahinda Rajapaksa, irmão de Gotabaya Rajapaksa.