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'Marcha' na Área 51 amplifica teorias e quer "libertar ETs"

Para o sociólogo e especialista em cultura pop, evento que nasceu sem pretensões no Facebook corre o risco de se tornar uma crise de segurança na área super protegida do governo americano

20 set 2019 - 08h47
(atualizado às 08h48)
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Foto: Reuters

Na tentativa de buscar respostas para uma antiga questão que há décadas persegue os americanos, a grande marcha para Área 51, que começou como um evento sem pretensões no Facebook para 'libertar extraterrestres' do local, testará nesta sexta-feira, 20, os limites dessa super protegida área que muitos acreditam abrigar experimentos com alienígenas. Com falta de respostas e esclarecimentos ao longo dos anos, os entusiastas da vida fora da Terra criaram suas próprias teorias, alimentadas com o alto grau de sigilo do governo americano sobre esse inóspito pedaço de terra em Nevada.

A situação ganhou terreno fértil com a internet e com os alimentadores das teorias da conspiração, como explicou o professor Michael Ian Borer, sociólogo e especialista em cultura pop da Universidade de Nevada/Las Vegas. Em entrevista ao Estado, ele pondera que há um sério temor de que a situação saia de controle se a multidão realmente decidir comparecer em peso nessa região, cuja principal cidade é Rachel, de apenas 98 habitantes.

Este mês, depois de dizer que o Invasão da Área 51 seria transformado em um festival de música chamado Alienstock, o estudante universitário da Califórnia Matty Roberts, idealizador do evento, se afastou e disse que ele não seria mais realizado por temer que se transformasse em uma crise de segurança pública. Sua sócia Connie West, porém, afirmou na quinta-feira que o evento em Rachel estava mantido. "As pessoas querem saber o que o governo está escondendo", disse Borer.

Como o sr. explicaria todo esse interesse sobre o evento na Área 51? Como ele ficou tão grande?

O evento na Área 51 provocou o interesse de uma demografia heterogênea e variada. É a mistura perfeita entre aqueles interessados em aliens e encontros de aliens, teorias conspiratórias envolvendo o governo e a atual cultura super rápida da internet. Quando o evento foi originalmente postado no Facebook, muitos reagiram criando memes engraçados. Mas então as pessoas, muitas, milhões delas disseram que estavam interessadas ou que iriam comparecer ao evento. E para dizer isso era só clicar em um botão. Então, sem a venda de ingressos, é difícil determinar exatamente quão grande será esse evento.

Na sua opinião, por que o tema sobre a Área 51 ainda desperta tão interesse?

Por mais de 50 anos, o governo americano negou a existência da Área 51. Agora que nós sabemos sobre ela, as pessoas querem saber o que o governo está escondendo. A quando as pessoas não sabem as coisas, quando há lacunas de informações, elas começam a preencher essas lacunas com novas ideias ou crenças sem se importar sobre quão plausíveis elas são.

O sr. acredita que realmente a CIA conduziu um projeto secreto na área envolvendo aliens?

É difícil dizer. Eu acho que há provavelmente algum tipo de exploração extraterrestre, mas eu duvido seriamente que eles estejam mantendo ou fazendo experimentos com aliens. E, novamente, coisas estranhas acontecem.

O sr. teme que o evento em Nevada possa sair de controle?

Sim. O medo real não é dos aliens. O medo real é que muitos humanos revolvam invadir a região, que tem uma baixa população e um ambiente natural que, em geral, é inóspito para a maioria dos seres vivos. Sem água suficiente, comida, combustível ou papel higiênico, a situação pode ficar feia muito rapidamente. Há ainda o risco de alguém decidir fazer algo estúpido como chegar perto dos portões (da área de segurança) ou provocar os guardas a agirem contra eles.

 
Estadão
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