Mattarella defende ciência contra ignorância: 'Se vacinar é dever'
Presidente da Itália fez discurso por ocasião do Ano Novo
Em seu discurso de fim de ano, o presidente da Itália, Sergio Mattarella, afirmou nesta quinta-feira (31) que a ciência oferece a arma mais forte contra a ignorância e o preconceito e enfatizou que se vacinar contra a Covid-19 é "uma escolha de responsabilidade, um dever".
"A ciência nos oferece a arma mais forte, prevalecendo sobre a ignorância e o preconceito. Agora, todos e em qualquer lugar, sem distinção, devem ser autorizados a ser vacinados gratuitamente: porque é certo e porque é necessário para a segurança comum", defendeu.
No pronunciamento, gravado no Palácio do Quirinale, sede da Presidência, em Roma, o chefe de Estado ressaltou a importância da vacinação, principalmente em quem trabalha em contato com doentes e pessoas fragilizadas.
"Diante de uma doença tão contagiosa, que causa tantas mortes, é preciso proteger a saúde e proteger a dos outros, da família, dos amigos, dos colegas", ressaltou.
Mattarella aproveitou o discurso para anunciar que se vacinará "o mais rápido possível", após as categorias de maior risco, porque o imunizante e as iniciativas da União Europeia (UE) são dois vetores decisivos no "renascimento" da Itália.
Ele lembrou que "nunca uma vacina foi feita em tão pouco tempo" e a UE nunca assumiu uma tarefa tão importante para os seus cidadãos. "Para a vacina, foi formada uma aliança global de ciência e pesquisa, também com a contribuição de pesquisadores italianos, apoiada por maciço apoio político e financeiro que multiplicou a velocidade de identificação", explicou.
Em seguida, o líder italiano recordou que a Europa respondeu a crise financeira de uma década atrás sem solidariedade e sem uma visão clara do seu futuro. No entanto, mudou sua postura, com a Itália protagonista nesse processo de mudança.
"Estamos prestes a realizar uma grande tarefa - em termos de saúde e economia. Tudo isso exige e urge ainda mais a responsabilidade das instituições, sobretudo, das forças econômicas, das entidades sociais, de cada um de nós. Seriedade, colaboração e até senso de dever são necessários para nos proteger e reiniciar", disse.
Para Mattarella, o plano europeu de recuperação e a sua variação nacional - que deve ser concreto, eficaz, rigoroso, sem desperdício de recursos - podem permitir ao país ultrapassar as fragilidades estruturais que impediram a Itália de crescer como poderia.
Solidariedade -
O chefe de Estado italiano também afirmou que a pandemia do novo coronavírus fez as pessoas redescobrir e entender o quanto "estamos conectados aos outros, o quanto cada um de nós depende dos outros".
"Como vimos, a solidariedade mais uma vez se mostrou a base necessária para a convivência e a sociedade. Solidariedade internacional. Solidariedade na Europa. Solidariedade dentro de nossas comunidades", lembrou.
De acordo com Mattarella, 2021 deve ser o ano da derrota do vírus e o primeiro da recuperação. Um ano em que cada um de nós é chamado também ao compromisso de retribuir o que foi recebido com gestos livres, muitas vezes de estranhos. De pessoas que colocaram a própria vida em risco, como aconteceu com tantos médicos e profissionais de saúde.
"Encontramo-nos nos gestos concretos de muitos. Eles manifestaram uma fraternidade que se alimenta não de palavras, mas de humanidade, que independe da origem de cada um de nós, da cultura de cada pessoa e da sua condição social", acrescentou.
Por fim, ele disse que a crise sanitária causou graves consequências sociais e econômicas e evidenciou a "fragilidade do passado", agravando antigas desigualdades e gerando novas. Mas dessa realidade, que precisa ser reconhecida e enfrentada, surgiram sinais importantes que animaram a esperança, como a vacina.
"Poderíamos ter feito mais e melhor? Provavelmente sim, como sempre. Mas não devemos ignorar as coisas positivas que foram alcançadas e permitiram que o país permanecesse graças ao empenho de muitas partes", concluiu.
Papa Francisco -
Durante o discurso, Mattarella agradeceu o papa Francisco "pela sua doutrina e pelo carinho que transmite ao povo italiano, fazendo-se testemunha de esperança e de justiça". "A ele dirijo os meus votos mais sinceros para o ano que se inicia".
Além disso, expressou sua gratidão a todos os cidadãos italianos pelos sacrifícios feitos nos últimos meses com sentido de responsabilidade. "Gostaria de enfatizar a importância de manter os cuidados recomendados até que a campanha de vacinação derrote definitivamente a pandemia", finalizou.