May cede a pressão para projeto de legislação aduaneira pós-Brexit
A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, se curvou nesta segunda-feira à pressão de membros de seu Partido Conservador que apoiam a desfiliação britânica da União Europeia, conhecida como Brexit, aceitando as alterações que propuseram para um projeto de legislação aduaneira que está no cerne do rompimento de seu país com a UE.
May, vulnerável no Parlamento desde que perdeu a maioria de seu partido em uma eleição mal calculada no ano passado, se tornou alvo de críticas das duas alas de sua sigla por causa de um plano para o Brexit obtido a duras penas e que um ex-ministro classificou como o "pior de todos os mundos".
Parlamentares eurocéticos haviam atacado a legislação aduaneira de seu governo para tentar fortalecer os planos da premiê para a desfiliação, mas ao invés de dobrá-los e alimentar as tensões, seu porta-voz disse que o governo aceitará suas quatro emendas.
Não ficou claro se a manobra mudará fundamentalmente seus planos - as alterações fazem pouco mais do que transformar as diretrizes governamentais em lei, segundo seu porta-voz -, mas de certa forma foi uma vitória para os parlamentares que dizem que May os traiu no Brexit, a maior mudança nas políticas britânicas externa e comercial em décadas.
Mas ao endurecer a linguagem para enfatizar que a coleta futura de tarifas e impostos do Reino Unido e da UE será recíproca, os defensores do Brexit podem ter tornado o plano de May menos vendável ao bloco.
May refutou uma insinuação do Parlamento segundo a qual seu plano para o Brexit está morto, e seu porta-voz disse que a decisão de aceitar as emendas é "condizente" como a diretriz de governo conhecida como documento branco que os ministros chancelaram no início deste mês.
"Aceitamos as emendas porque acreditamos que elas são condizentes com a abordagem que escolhemos, e em vários casos ela reforça algumas das mensagens que apareceram no documento branco", disse o porta-voz aos repórteres.
Londres pode ter dificuldade para explicar a aceitação da exigência de que a UE recolha tarifas em nome do Reino Unido se Londres tiver que fazer o mesmo.
O porta-voz disse que isso foi respondido com o esforço do governo para encontrar "um mecanismo para a remessa de rendas de tarifas relevantes", mas o especialista Anand Menon, professor de políticas europeias e relações exteriores do King's College de Londres, disse que o relacionamento jamais poderia ser recíproco.
"De maneira nenhuma um documento branco do governo pode estipular que 27 outros países coletarão nossas tarifas por nós. Não faz sentido".