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Médicos dos EUA se mostram céticos com uso de esteroide contra Covid-19

17 jun 2020 - 11h46
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O anúncio de terça-feira sobre um tratamento poderoso contra o novo coronavírus causou tanto otimismo quanto ceticismo em médicos dos Estados Unidos, que disseram que a retirada recente de um estudo influente sobre a Covid-19 os fez desejar ver mais dados.

Farmacêutico mostra frasco de dexametasona
16/06/2020
REUTERS/Yves Herman
Farmacêutico mostra frasco de dexametasona 16/06/2020 REUTERS/Yves Herman
Foto: Reuters

A pressão global para se encontrar uma cura ou vacina para a Covid-19 acelerou o processo de divulgação de resultados de estudos sobre o coronavírus, criando dúvidas sobre a eficiência de terapias. Um estudo influente sobre a Covid-19 foi desautorizado neste mês pelo respeitado periódico científico britânico The Lancet devido a questionamentos sobre os dados.

Pesquisadores do Reino Unido disseram que a dexametasona, usada para combater inflamações de outras doenças, reduziu em cerca de um terço as taxas de mortalidade entre pacientes de Covid-19 gravemente doentes e hospitalizados e que trabalharão para publicar os detalhes completos o mais cedo possível.

Mas horas depois a principal autoridade de saúde da Coreia do Sul pediu cautela no uso do medicamento para pacientes de Covid-19 devido a possíveis efeitos colaterais.

"Já nos queimamos antes, não somente durante a pandemia de coronavírus, mas até antes da Covid, com resultados empolgantes que, quando temos acesso aos dados, não são tão convincentes", disse Kathryn Hibbert, diretora da unidade de tratamento intensivo do Hospital Geral de Massachusetts de Harvard.

Hibbert disse que a publicação dos dados a ajudaria a avaliar as conclusões e ver quais pacientes se beneficiaram mais e com qual dosagem.

"Estou muito esperançosa de que seja verdade, porque seria um enorme passo adiante para conseguirmos ajudar nossos pacientes", disse ela, mas acrescentando que não mudará suas práticas neste momento.

Os esteroides podem reprimir o sistema imunológico, alertou Thomas McGinn, vice-médico-chefe do Northwell Health, o maior sistema de saúde de Nova York, onde os médicos usam esteroides caso a caso, explicou ele à Reuters.

"Temos que ver como é este estudo, dado o clima atual de retratações", disse McGinn. "Quero ver os dados em si, ver se foram analisados pelos colegas e se são publicados em um periódico científico de verdade".

Mark Wurfel, professor de medicina da Universidade de Washington, exortou os pesquisadores a divulgarem dados antes da publicação oficial.

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