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Médicos infectados e falta de recursos agravam surto de coronavírus na Itália

23 mar 2020 - 12h36
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No hospital italiano Oglio Po, 25 dos 90 médicos estão infectados com o coronavírus, o que agrava a pressão enfrentada por um sistema de saúde sobrecarregado pelo segundo pior surto do mundo.

Hospital Oglio Po em Cremona, Itália 19/3/2020 REUTERS/Flavio Lo Scalzo
Hospital Oglio Po em Cremona, Itália 19/3/2020 REUTERS/Flavio Lo Scalzo
Foto: Reuters

Somando-se a isso, enfermeiras, técnicos e outros funcionários, um quinto dos empregados do hospital foi diagnosticado com a doença, disse a diretora Daniela Ferrari.

Eles e agentes de saúde como eles quase certamente disseminaram o vírus involuntariamente antes de precisarem de tratamento ou de se isolarem, disseram pesquisadores e sindicatos.

O quadro é o mesmo em outros hospitais, entre famílias de médicos e em casas de repouso - exacerbado pela falta de máscaras e luvas suficientes quando o surto foi detectado um mês atrás, dizem líderes do setor, sindicatos e médicos.

"Estamos no limite de nossas forças", disse o doutor Romano Paolucci, que abandonou a aposentadoria para ajudar o hospital Oglio Po, próximo de Cremona, uma das cidades mais atingidas da região da Lombardia.

"Não temos recursos suficientes, e especialmente funcionários, porque, além de todo o resto, agora os funcionários estão começando a adoecer."

Na Lombardia, região com o maior número de casos e mortes, ao menos dois hospitais se tornaram focos de contaminação - pacientes contaminaram pessoal médico, que em seguida espalhou a doença ao circular em suas comunidades antes de uma interdição severa ser imposta.

Este é um dos fatores que vêm ajudando o vírus a se disseminar tão rapidamente, disse Giuseppe Remuzzi, diretor do Instituto de Pesquisa Farmacológica Mario Negri.

"Pacientes infectaram outros pacientes e médicos, que depois saíram e contaminaram outros", explicou Remuzzi.

Em nível nacional, 4.268 agentes de saúde - ou 0,4% do total - haviam contraído o vírus até 20 de março, de acordo com o Instituto Nacional de Saúde.

Em Bergamo, cidade do nordeste da Lombardia, 134 de 600 médicos de família - ou 22% - adoeceram ou foram postos em quarentena, disse Guido Marinoni, chefe da associação local de clínicos gerais. Três médicos morreram.

Nas casas de repouso da cidade, a situação é ainda pior, já que 1.464 de 5.805 agentes de saúde adoeceram, disse.

Bergamo ficou tão sobrecarregada que o cemitério ficou superlotado, e o Exército foi acionado para levar corpos para outras províncias.

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