'Meu ex-namorado me cegou', diz enteada de Mandela
A filha da viúva de Nelson Mandela falou pela primeira vez sobre como perdeu a visão de um dos olhos após ser agredida pelo ex-namorado.
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O caso ocorreu em outubro deste ano na capital de Moçambique, Maputo.
Em entrevista à BBC, Josina Machel afirmou ter sido agredida com dois socos após dizer a seu ex-namorado que pretendia ir à casa da mãe, que comemorava 70 anos naquele dia.
"Disse a ele que queria ir à casa da minha mãe e não ao lugar que ele queria que eu fosse. Ele começou a me acusar de querer voltar (para a casa da minha mãe) e ficou muito nervoso. De repente, levei um soco na cara. E logo depois veio o segundo", relembra.
"Fiquei chocada pois nunca havia sido agredida antes. O segundo soco me cegou imediatamente porque saiu muito sangue", acrescenta.
Josina relembra que a agressão aconteceu dentro do carro do ex-namorado. Ela falou que abriu a porta do veículo e fugiu para "sobreviver".
"Após os dois socos, ele me agrediu novamente. E eu decidi sair do carro. Pensei comigo mesma que se continuasse ali perderia a minha vida porque tudo foi muito violento", diz ela.
"Não tinha sapatos, saí correndo e só pedia ajuda. Mas ninguém me ajudou".
"Infelizmente, o presente para a minha mãe foi um olho cego", acrescenta.
Por causa do processo que corre na Justiça, Josina afirmou não poder revelar o nome do agressor, mas afirmou que ele é conhecido e tem conexões políticas.
Questionada sobre como foi agredida mesmo sendo filha do ex-presidente de Moçambique, Samora Machel, e enteada do ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, Josina diz que a violência doméstica pode acontecer "com todo mundo".
"A violência doméstica pode acontecer com todo mundo. Acontece com mulheres de diferentes raças, de diferentes níveis educacionais, de diferentes classes sociais. Olhe para mim. Eu perdi um olho. Há tantas outras que perdem a vida. Pelo menos eu pude contar a minha história", afirma.
Segundo um relatório de 2013, os países africanos concentram os maiores níveis de violência de gênero do mundo, com 45.6% das mulheres vítimas de violência física ou sexual, comparada com 35% no mundo.