Milhares podem estar soterrados após deslizamento em Papua Nova Guiné
Tem sido difícil estabelecer um número exato de vítimas e as estimativas variam muito, uma vez que os esforços de resgate estão caminhando muito lentamente.
O número de desaparecidos após um enorme deslizamento de terra em Papua Nova Guiné é estimado em milhares, segundo uma agência governamental local.
O diretor interino do Centro Nacional de Desastres do país, Lusete Laso Mana, afirmou em um comunicado que os pareceres atuais apontam que provavelmente mais de 2.000 pessoas tenham sido soterradas após o desastre de sexta-feira (24/5 do horário local, quinta-feira 23 do Brasil).
No entanto, tem sido difícil estabelecer um número exato de vítimas e as estimativas variam muito, uma vez que os esforços de resgate estão caminhando muito lentamente.
Os escombros deixados pelo desabamento em algumas áreas chegam a 10 metros de profundidade e as equipes de resgate não possuem equipamento adequado para acessar as vítimas. Menos de 12 corpos foram recuperados até agora.
As Nações Unidas estimaram o número de desaparecidos em cerca 670 no domingo (26/5).
O desabamento na encosta de uma montanha destruiu uma aldeia inteira na província de Enga. Os danos se estendem por cerca de um quilômetro, segundo testemunhas.
Cerca de 3.800 pessoas viviam na área antes do desastre.
Na nota divulgada, Lusete Laso Mana afirma que os danos foram "extensos" e que "causaram grande impacto na sobrevivência econômica do país".
O primeiro-ministro James Marape lamentou o ocorrido e ordenou que as forças de defesa e as agências de emergência do país se deslocassem para a área, localizada a cerca de 600 quilômetros da capital Port Moresby.
Mas os moradores da aldeia afetada de Kaokalam dizem que ainda aguardam as operações de resgate maiores prometidas pelas autoridades.
Uma moradora, Evit Kambu, disse acreditar que muitos de seus familiares estejam presos sob os escombros.
"Tenho dezoito membros da minha família enterrados sob os escombros e sob o solo que estou pisando", disse à agência de notícias Reuters.
"Obrigado a todos que vieram nos ajudar. Mas não consigo recuperar os corpos, por isso estou aqui, impotente."
Um líder comunitário que visitou o local disse à BBC que os moradores estão se sentindo abandonados. Eles estão usando pás e até as próprias mãos para tentar desenterrar as vítimas
"Já se passaram quase três ou quatro dias, mas [muitos] corpos ainda não foram localizados. Continuam cobertos pelo deslizamento de terra e as pessoas estão achando muito difícil desenterrá-los - eles estão pedindo apoio e ajuda do governo", disse Ignas Nembo o programa Newshour da BBC.
No entanto, um membro da polícia local disse à BBC que soldados estavam no local removendo pedras.
O Comandante da Polícia Provincial em exercício, Martin Kelei, descreveu estes esforços como precários - uma vez que a remoção de pedras do tamanho de carros e outras grandes barreiras aumenta o risco de mais deslizamentos.
"Cavar é muito difícil no momento porque estamos preocupados com mais deslizamentos de terra e mortes - então as pessoas locais só estão cavando onde podem ver que é seguro. Estamos tentando identificar onde quer que possamos ver que as pessoas estão enterradas", disse.
Ele visitou o local várias vezes desde o desabamento de sexta-feira e afirmou que ainda era possível ouvir sobreviventes pedindo ajuda sob os escombros.
Os moradores que não ficaram presos nos escombros estão sendo evacuados, pois a região permanece instável em meio a previsões de mais chuva.
"O terreno também está bastante instável neste momento e corre o risco de provocar mais deslizamentos de terra", disse Justine McMahon, coordenadora nacional da Care Australia, uma das agências de ajuda humanitária atuando no local.
"Decidimos ficar de fora por enquanto para dar às autoridades tempo para avaliar adequadamente a situação e conduzir as operações de resgate e recuperação".
Anteriormente, um funcionário da agência de migração da ONU no país também havia relatado à BBC dificuldades em torno do resgate.
Serhan Aktoprak, da Organização Internacional para as Migrações (OIM), disse que as equipes enfrentavam uma série de desafios, incluindo a relutância de algumas famílias em permitir que máquinas pesadas fossem usadas em áreas onde seus entes queridos pudessem estar soterrados.
Em vez disso, disse ele, "as pessoas estão usando paus de escavação, pás e grandes rastelos para remover os corpos enterrados no solo".
As equipes presentes no local também dizem que os esforços de resgate são dificultados por grandes danos na única estrada que leva à cidade.
O deslizamento de terra criou detritos de até 8 metros de profundidade, afetando mais de 200 quilômetros quadrados de terra "incluindo 150 metros da rodovia principal que leva à província de Enga", disse a Care Australia.
Com reportagem de Tiffanie Turnbull, de Sydney