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Ministro italiano é denunciado por 'ódio racial'

Cidadãos apontam frases "racistas e xenófobas" de Matteo Salvini

24 ago 2018 - 09h15
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O ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, foi denunciado por "instigação ao ódio racial", por conta de suas declarações em relação a migrantes e refugiados.

O ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, pode ser investigado por "ódio racial"
O ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, pode ser investigado por "ódio racial"
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

A denúncia foi apresentada por cidadãos ao Ministério Público de Treviso, no norte do país, e cita "comentários xenófobos e racistas" feitos por Salvini, que também é secretário do partido ultranacionalista Liga.

"As afirmações do ministro excederam conscientemente o limite do exercício legítimo do direito de expressar seu pensamento, previsto pelo artigo 21 da Constituição, e não são tuteladas pela liberdade de expressão", diz a denúncia.

Em uma das frases citadas no caso, Salvini disse: "Terminou a mamata dos clandestinos, se preparem para fazer as malas, de maneira educada e tranquila, e ir embora".

A denúncia se baseia na "Lei Mancino", que pune comportamentos ligados à ideologia nazifascista e atos de discriminação racial, étnica ou religiosa, e chega em meio ao caso do navio Diciotti, que está ancorado há quatro dias no Porto de Catânia com 150 migrantes a bordo.

Apesar de a embarcação ser da Guarda Costeira da Itália, Salvini impediu os deslocados internacionais de desembarcarem, com exceção de 27 menores de idade, o que motivou a abertura de um inquérito do Ministério Público de Catânia por "sequestro de pessoas", mas ainda sem suspeitos identificados.

Nos últimos dias, o ministro do Interior e seus aliados vêm desafiando abertamente a magistratura, embora não haja nenhuma investigação aberta contra ele em específico. "Para mim, em primeiro lugar estão os italianos, depois os outros. Alguns juízes querem me prender por isso? Nenhum problema, que venham", escreveu Salvini no Facebook nesta sexta-feira (24).

Em outro post, desta vez no Twitter, o secretário da Liga perguntou se seus apoiadores o defenderiam de uma eventual prisão. "Se me prenderem, vocês virão me encontrar, amigos?", disse.

O deputado Giuseppe Bellachioma, líder do partido em Abruzzo, foi ainda mais longe. "Mensagem da Liga Abruzzo: se tocarem no capitão, pegaremos vocês na porta de casa... Cuidado", afirma uma mensagem do parlamentar no Facebook, mas já apagada.

Crise migratória

No papel de responsável pelas forças de segurança italianas, Salvini é o artífice do endurecimento das políticas migratórias do país, que nos últimos anos manteve seus portos abertos para pessoas resgatadas no Mediterrâneo, apesar da falta de solidariedade de parte da União Europeia.

Com isso, a Itália recebeu centenas de milhares de deslocados internacionais, embora o fluxo migratório tenha caído drasticamente a partir do segundo semestre de 2017. Desde o início de 2018, 19.526 migrantes forçados desembarcaram em portos do país, o que representa uma queda de 80% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo o próprio Ministério do Interior.

Ainda assim, a Itália fechou seus portos para navios de ONGs e até de sua própria Guarda Costeira, como o Diciotti, em uma tentativa de forçar outros Estados-membros da União Europeia a acolherem os migrantes.

De acordo com o último relatório da agência da ONU para Refugiados (Acnur), a Itália é o 11º país da União Europeia que mais acolhe deslocados internacionais em termos proporcionais, com 353.983, o que equivale a 0,58% de sua população.

Na sua frente aparecem Suécia, com 292.608 (2,92% de seu total de habitantes); Malta, com 9.378 (2,03%); Áustria, com 171.567 (1,95%); Chipre, com 15.063 (1,69%); Alemanha, com 1.399.669 (1,69%); Grécia, com 83.220 (0,77%); Dinamarca, com 39.937 (0,69%); Holanda, com 109.678 (0,64%), Luxemburgo, com 3.541 (0,59%); e França, com 400.304 (0,59%).

Ansa - Brasil
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