Moldávia desmente Rússia sobre possível invasão ucraniana
Para governos, Moscou quer causar crise diplomática
O governo da Moldávia desmentiu nesta quinta-feira (23) as afirmações da Rússia de que a Ucrânia teria planos de uma ação militar no país, mais especificamente, contra a Transnístria - área separatista pró-Moscou.
"As autoridades estatais não confirmam as informações divulgadas pelo Ministério da Defesa russo. Convidamos à calma e também que toda a população siga as fontes oficiais e críveis de notícias da Moldávia. As nossas instituições estão colaborando com os parceiros estrangeiros e, em caso de perigo para o país, informarão o público sem demora", disse o governo em nota oficial.
O "alerta" de Moscou foi repercutido pelas principais agências estatais de notícias da Rússia, dizendo que Kiev faria "uma provocação armada" contra a área separatista. A região tem como limites territoriais o rio Dniestre, a oeste, e a Ucrânia a leste, e se autodeclarou independente em 1990, contando sempre com o apoio do Kremlin.
Desde que a guerra na Ucrânia começou, há cerca de um ano, porém, a situação na Moldávia ficou mais tensa pelos temores do governo de que os russos tentassem uma invasão em seu território também. O governo de Vladimir Putin mantém tanques, armamentos e soldados dentro da Transnístria e, recentemente, lançou mísseis contra os ucranianos que sobrevoaram o espaço aéreo moldavo.
A presidente do país, Maia Sandu, acusou formalmente Moscou de tentar "tramar um golpe de Estado" contra a Moldávia e arrastar a Transnístria para a guerra.
O principal conselheiro da presidência ucraniana, Mykhailo Podolyak, afirmou à emissora "RAI News 24" que a Rússia "quer provocar uma crise política para fazer com que protestos ocorram em Chisinau e acender os conflitos internos dentro da Moldávia".
"Nós avisamos o governo de Chisinau sobre nossa posição e Moscou quer desviar a atenção do conflito na Ucrânia", acrescentou Podolyak reafirmando que seu governo conseguiu obter dados sobre um plano de invasão russo na Moldávia.
Itália
O ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, afirmou à imprensa italiana durante um evento em Nova York que a Rússia "está conduzindo uma guerra também buscando assustar os outros" ao ser questionado sobre a decisão do presidente Vladimir Putin de retirar o reconhecimento da soberania da Moldávia.
"Na Transnístria, há departamentos militares russos. Encontrei-me com o ministro das Relações Exteriores da Moldávia, que foi a Bruxelas debater com o Conselho Europeu, e isso é provavelmente uma reação da Rússia", disse Tajani.
Ex-república soviética, a Moldávia tem há anos governos pró-União Europeia e, recentemente, virou um país com status de candidato a entrar no bloco. Apesar de sua neutralidade internacional estar determinada na Constituição, a nação anunciou sua solidariedade formal à Ucrânia desde o início da guerra, além de acolher milhares de refugiados ucranianos. .