Moradores de Nápoles acusam máfia de despejo ilegal de lixo tóxico
Dezenas de milhares de pessoas protestaram em Nápoles, no sul da Itália, contra o despejo ilegal de resíduos tóxicos atribuído à máfia local. Os manifestantes carregavam fotos de familiares que supostamente teriam morrido de câncer em razão dos detritos.
Moradores apelidaram a área afetada, entre Napóles e Caserta, como "Triângulo da Morte", por causa da fumaça tóxica emitida pela queima do lixo. Estimativas apontam que cerca de 10 milhões de toneladas de resíduos industriais são despejados na região nos últimos 20 anos.
A entidade ambiental Legambiente, que organizou o protesto no último sábado, afirmou que aproximadamente 440 empresas nas regiões central e norte da Itália participariam da atividade ilegal. "É essencial descobrir a verdade sobre quem é o responsável", afirmou Rossela Muroni, diretora da Legambiente, à agência de notícias Associated Press.
Os manifestantes também reivindicaram a limpeza imediata da área contaminada. Por causa da crescente quantidade de lixo na região, o governo italiano informou que deu início a um projeto de limpeza da área contaminada.
A máfia local, a Camorra, é acusada de firmar contratos milionários para despejar resíduos tóxicos na região, a maior parte deles, de forma ilegal. Duas décadas atrás, médicos já haviam alertado para o aumento da incidência de câncer em cidades nos arredores de Napóles. Desde então, o número de tumores descobertos em mulheres cresceu 40%, e nos homens, 47%.