Moradores em situação de rua teriam participado de foto com filho de Trump em troca de comida na Groenlândia
Morador afirmou que alguns dos presentes na foto eram pessoas em situação de rua, incentivados a participar em troca de comida e bebida
Donald Trump Jr., filho do presidente eleito dos EUA, visitou a Groenlândia em janeiro, alegando estar no local a turismo. No entanto, ele encerrou o dia em um bar na capital, Nuuk, posando para uma foto com supostos apoiadores que usavam bonés de campanha. Ao Fantástico, da TV Globo, uma testemunha afirmou que alguns dos presentes na foto eram moradores em situação de rua, incentivados a participar em troca de comida e bebida.
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“Eu estava muito a fim de conhecê-lo. A gente conversou um pouco e ele disse: 'Nós adoraríamos que vocês fossem parte da nossa nação'. Aí eu coloquei o boné. Mas ele pediu para tirarmos uma foto e eu esqueci que estava de boné. Nem percebi", disse o estudante Malik Dollerup.
No entanto, ele afirmou que não compartilha da ideia de anexar a Groenlândia aos Estados Unidos, uma proposta que é apoiada por Trump. "Se isso acontecer, nunca mais teremos chance de ser um país. Os americanos não vão deixar", acrescentou.
Já o estudante Oliver Bech contou que o grupo que apareceu na foto foi levado até o bar. "Alguns deles eram pessoas em situação de rua que foram pagos ou ganharam comida e bebida."
O presidente eleito afirma que a posse da Groenlândia é crucial para a segurança dos EUA, mas especialistas ouvidos pela CNN sugerem que ele também pode estar interessado nos recursos naturais da ilha, como metais raros, que se tornam mais acessíveis à medida que as mudanças climáticas derretem o gelo.
A Groenlândia, maior ilha do mundo e com uma população de mais de 56 mil habitantes, foi uma antiga colônia dinamarquesa e hoje é um território autônomo da Dinamarca. Sua localização geopolítica a coloca entre os EUA e a Europa, com a capital, Nuuk, mais próxima de Nova York do que de Copenhague.
A Groenlândia é há muito tempo considerada estratégica para a segurança dos EUA, especialmente no contexto de possíveis ameaças da Rússia, conforme explicou à CNN Ulrik Pram Gad, pesquisador sênior do Instituto Dinamarquês de Estudos Internacionais. Sua costa abriga a rota de navegação da Passagem do Noroeste, e a ilha faz parte da importante região Groenlândia-Islândia-Reino Unido, vital para o controle marítimo.
A proposta de anexar a Groenlândia aos EUA, no entanto, é rejeitada pela maioria das pessoas entrevistadas pelo Fantástico na ilha.
"Nós nunca seremos anexados de novo por ninguém. Não é negociável. Mas nós certamente faremos acordos com os Estados Unidos e a Dinamarca", afirmou o deputado groenlandês, Kuno Fencker.
A primeira-ministra da Dinamarca afirmou que a Groenlândia decidirá quando estará pronta para a independência, ressaltando que a região pertence ao povo groenlandês.