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Morre Ebrahim Raisi, presidente do Irã: quem realmente detém o poder no país?

Aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do país desde 1989, é a figura mais poderosa do Irã; presidente tem poderes limitados.

20 mai 2024 - 08h04
(atualizado às 08h21)
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Ali Khamenei é o líder supremo do Irã
Ali Khamenei é o líder supremo do Irã
Foto: Reuters / BBC News Brasil

O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, morto em um acidente de helicóptero no domingo (19/5), não era a figura mais poderosa do Irã — esse papel cabe ao líder supremo Ali Khamenei.

Entenda abaixo como funciona a estrutura de poder do país.

Organograma mostrando poder no Irã
Organograma mostrando poder no Irã
Foto: BBC News Brasil

Quais são os poderes do líder supremo?

A figura mais poderosa do Irã é o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do país desde 1989.

Ele é chefe de Estado e comandante-chefe. Ele tem autoridade sobre a polícia nacional e a polícia da moralidade.

O aiatolá Khamenei também controla o Corpo da Guarda da Revolução Islâmica (IRGC), responsável pela segurança interna, e a sua ala voluntária, a Força de Resistência Basij. Os Basij reprimem repetidamente a dissidência no Irã.

Qual é o poder do presidente?

O presidente Ebrahim Raisi tinha o principal cargo eleito e o segundo na hierarquia, atrás do líder supremo.

O presidente é responsável pela gestão diária do governo e tem influência significativa sobre a política interna e as relações exteriores.

No entanto, os seus poderes são relativamente limitados — especialmente em questões de segurança.

O Ministério do Interior do presidente dirige a força policial nacional. No entanto, o seu comandante é nomeado pelo líder supremo e responde diretamente a ele.

O mesmo se aplica ao comandante do Corpo da Guarda da Revolução Islâmica e aos Basij.

Os poderes do presidente também podem ser contrabalanceados pelo parlamento, que introduz novas leis. Por sua vez, o Conselho Guardião - que contém aliados próximos do líder supremo - tem a função de aprovar novas leis e pode vetá-las.

O que é a polícia da moralidade?

Polícia da moralidade vigia costumes do Irã
Polícia da moralidade vigia costumes do Irã
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

A polícia da moralidade — ou Patrulhas de Orientação — faz parte da polícia nacional.

A força foi criada em 2005 para defender a moral islâmica e as leis sobre vestimentas "adequadas", que foram introduzidas após a Revolução Islâmica de 1979.

Estima-se que os seus 7 mil agentes — homens e mulheres — tenham o poder de emitir advertências, impor multas ou prender suspeitos.

Raisi, que era considerado um presidente linha-dura, introduziu várias novas medidas para garantir o cumprimento das regras do hijab.

Foram introduzidas câmaras de vigilância para ajudar a detectar mulheres sem véu, e foi criada uma pena de prisão obrigatória para pessoas que se opõem às regras do hijab nas redes sociais.

O que são as Guardas da Revolução?

As Guardas da Revolução são a principal organização do Irã para a manutenção da segurança interna.

Elas foram criadas após a revolução para defender o sistema islâmico do país.

As Guardas são hoje uma importante força militar, política e econômica no Irã, com mais de 150 mil soldados. Ela tem as suas próprias forças terrestres, marinha e força aérea, e supervisiona as armas estratégicas do Irã.

Elas possuem um braço estrangeiro denominado Força Quds, que fornece secretamente dinheiro, armas, tecnologia e treinamento a aliados em todo o Oriente Médio.

As Guardas também controlam a Força de Resistência Basij.

O que é a Basij?

A Força de Resistência Basij, formalmente conhecida como Organização para a Mobilização dos Oprimidos, foi formada em 1979 como uma organização paramilitar voluntária.

Ela possui filiais em todas as províncias e cidades do Irã e em muitas das instituições oficiais do país.

Os seus homens e mulheres, denominados "Basijis", são leais à revolução e estão sob as ordens das Guardas Revolucionárias.

Acredita-se que a força possui cerca de 100 mil pessoas, que desempenham funções de segurança interna.

A Basij tem estado fortemente envolvidos na repressão de protestos antigovernamentais desde as disputadas eleições presidenciais de 2009.

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