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Morre Jamila al-Shanti, 1ª e única mulher da cúpula do Hamas

Política e professora de 68 anos foi atingida em bombardeio.

19 out 2023 - 16h58
(atualizado às 18h03)
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Jamila al-Shanti
Jamila al-Shanti
Foto: Reprodução/Getty Images

Por Silvana Logozzo - Era a única mulher, a primeira, a se tornar membro do escritório político do Hamas na Faixa de Gaza, o órgão que toma as decisões finais. No meio da noite, a palestina Jamila al-Shanti, de 68 anos, foi morta em um ataque aéreo israelense em sua casa na cidade de Gaza.

A doutora al-Shanti, eleita em 2021, havia trabalhado como professora na Universidade Islâmica da Faixa de Gaza, mas as notícias sempre a retrataram principalmente como a viúva de um membro fundador do Hamas, Abdel Aziz al-Rantisi, morto em 2004 em um ataque israelense durante a segunda Intifada.

Hoje (19), o Hamas lembrou em um comunicado que ela havia sido "a fundadora da ala feminina da organização e se tornou alvo de Israel em 2008, após o sucesso da marcha das mulheres, que resultou na quebra do cerco a um grupo de ativistas palestinos na mesquita de Umm al-Nasr em Beit Hanoun, no norte da área".

Jamila, nascida no campo de refugiados de Jabalia em Gaza, com seu rosto marcado, coberto pelo véu negro, era considerada uma visionária entre as fileiras das mulheres da facção.

Em vista das eleições de 2021, em uma entrevista na televisão palestina Al-Aqsa, Al-Shanti afirmou que a presença de mulheres na liderança do Hamas se mostraria valiosa para o futuro do movimento.

Ela afirmou várias vezes à mídia que o Hamas certamente faria coisas importantes para as mulheres palestinas: "Há tradições aqui que dizem que a mulher deve ter um papel secundário, ficar em segundo plano. Mas isso não é o Islã. O Hamas eliminará muitas dessas tradições" "As mulheres sairão de casa e participarão. Isso não significa que nos afastaremos da lei islâmica. As pessoas pensam que a lei islâmica exige véu, isolamento e ficar em casa, mas estão enganadas. Uma mulher pode sair coberta e realizar qualquer tipo de trabalho sem problemas", acrescentou.

Ela era um exemplo disso, mas os mais liberais de seu povo não esconderam a preocupação com a ascensão do partido em Gaza, nem a angústia quando começaram a ver as primeiras mulheres completamente cobertas pelo abaya negro, incluindo o rosto. Só com os olhos visíveis.

Hoje, um ativista palestino declarou que os detalhes do ataque em que Jamila al-Shanti foi morta ainda não estão claros. O que é certo é que sua personalidade abriu caminho para as mulheres palestinas.

E não apenas porque ela era esposa de al-Rantisi, um médico e político que assumiu a liderança da organização após o assassinato do xeque Ahmed Yassin. Seu carro foi atingido por um míssil enquanto cruzava a Faixa.

Dois anos depois, Jamila entrou na política plenamente, sendo eleita membro do Conselho Legislativo do "Movimento de Mudança e Reforma", afiliado ao movimento Hamas.

Após sua entrada na organização, o líder sênior do Hamas, Suheil Al-Hindi, destacou: "Nosso movimento respeita as mulheres palestinas, sua luta, seu heroísmo e seus sacrifícios." O Hamas se despediu assim: "Choramos nossa mártir, continuaremos em seu caminho". .

Ansa - Brasil
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