Morre Jimmy Carter, ex-presidente dos EUA e Nobel da Paz
Biden, Trump e Lula prestaram homenagem ao democrata
Morreu neste domingo (29), aos 100 anos de idade, o ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter, que governou a maior potência militar e econômica do mundo entre 1977 e 1981.
O democrata faleceu em sua casa em Plains, no estado da Geórgia, e recebeu homenagens de todo o espectro político. "A América e o mundo perderam um líder extraordinário. Tive a honra de chamá-lo por décadas de 'meu amigo'", disse o presidente Joe Biden, que determinou funeral com honras de Estado para Carter. "Ele foi um homem de caráter e coragem, esperança e otimismo, um homem de princípios, fé e humildade", completou.
Já o presidente eleito Donald Trump afirmou que o democrata fez "tudo o que estava em seu poder para melhorar a vida dos americanos". "Todos nós temos uma dívida de gratidão com ele", acrescentou o republicano, que tomará posse em janeiro.
Os ex-presidentes americanos ainda vivos também se pronunciaram, como George W. Bush, que disse que Carter era "leal com sua família, comunidade e seu país". Bill Clinton destacou que o democrata "trabalhou sem descanso por um mundo melhor e mais justo", enquanto Barack Obama definiu o correligionário como um "homem extraordinário". "Ele foi um dos primeiros líderes no mundo a reconhecer o problema das mudanças climáticas", salientou.
Homenagem no Centro Presidencial Carter em Atlanta, na GeórgiaNo Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva definiu Carter como "amante da democracia e defensor da paz". "No fim dos anos 1970, pressionou a ditadura brasileira pela libertação de presos políticos. Depois, como ex-presidente, continuou militando pela promoção dos direitos humanos, pela paz e pela erradicação de doenças na África e na América Latina", disse.
Segundo Lula, "Carter conseguiu a façanha de ter um trabalho como ex-presidente, ao longo de décadas, tão ou mais importante que o seu mandato na Casa Branca".
"Criticou ações militares unilaterais de superpotências e o uso de drones assassinos. Trabalhou junto com o Brasil na mediação de conflitos na Venezuela e na ajuda ao Haiti. Criou o Centro Carter, uma referência mundial em democracia, direitos humanos e diálogo. Será lembrado para sempre como um nome que defendeu que a paz é a mais importante condição para o desenvolvimento", salientou.
O Itamaraty também se pronunciou e expressou "pesar" em nome do governo brasileiro. "Carter liderou negociações diplomáticas relevantes, que levaram, por exemplo, aos acordos de paz entre Egito e Israel e a um acordo de limitações de armas estratégicas entre os Estados Unidos e a União Soviética", escreveu o Ministério das Relações Exteriores.
As ações de Carter durante e após a presidência renderam a ele o Prêmio Nobel da Paz em 2002, "por suas décadas de esforços incansáveis para encontrar soluções pacíficas para conflitos internacionais, em prol da democracia e dos direitos humanos".
O ex-presidente passou os últimos dois anos de sua vida em sua casa em Plains, cercado de cuidados paliativos após ter renunciado a tratamentos médicos mais agressivos. Um longo adeus marcado pela morte de sua companheira por 77 anos, Rosalynn, em novembro de 2023.
Presidente por apenas um mandato, Carter governou em um período de graves emergências internas e externas, incluindo a crise dos reféns americanos no Irã, e a percepção popular de que ele não era capaz de gerir essas crises provocou sua derrota para o republicano Ronald Reagan nas eleições de 1980. No entanto entrou para a história com um julgamento mais benevolente do que quando deixou a Casa Branca. .