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Morte de brasileiro gera atos contra homofobia na Espanha

Samuel Luiz Muñiz foi agredido por um grupo de homens na porta de uma boate na Galícia

6 jul 2021 - 17h11
(atualizado às 17h31)
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Protestos contra a morte de Samuel Luiz em Barcelona
Protestos contra a morte de Samuel Luiz em Barcelona
Foto: Nacho Doce / Reuters

Milhares de pessoas saíram na última segunda-feira, 5, às ruas em várias cidades da Espanha para protestar contra o assassinato do auxiliar de enfermagem Samuel Luiz Muñiz, de 24 anos.

Nascido no Brasil, Samuel foi agredido por um grupo de homens na porta de uma boate da cidade de La Coruña, na Galícia. Levado ao hospital, o jovem não resistiu aos ferimentos. O crime ocorreu no último fim de semana e está sendo investigado como motivado por homofobia.

As manifestações se espalharam por várias cidades espanholas em questão de horas. Internautas de outras nacionalidades passaram a compartilhar as hashtags criadas para pedir justiça, e até mesmo o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, se pronunciou sobre o assassinato.

Em sua conta pessoal no Twitter, Sánchez escreveu que confia no esclarecimento dos fatos e na identificação dos agressores pela investigação policial. "Não daremos nem um passo atrás em relação aos direitos e às liberdades. A Espanha não vai tolerar. Todo meu apoio à família [de Muñiz] e seres queridos.", diz a mensagem do primeiro-ministro.

O representante do governo da Galícia, que é uma comunidade autônoma espanhola, José Miñones, também usou as redes sociais para condenar a violência e prometer justiça à família da vítima. "Nossa sociedade não pode permitir a violência que, neste fim de semana, tirou a vida de Samuel, em La Coruña. Condeno e rechaço esta agressão mortal", escreveu Miñones antes de pedir calma à população. "A polícia está trabalhando para esclarecer os fatos e levar os autores à Justiça. Neste momento de dor e raiva, apelo à prudência e à responsabilidade."

Na manhã desta terça-feira, 6, em entrevista ao programa Vozes da Coruña, da Rádio Voz, Miñones informou que, além de recolher imagens de câmeras de segurança instaladas perto do local do crime, os investigadores já ouviram depoimentos de ao menos 15 pessoas. Miñones não especificou, porém, se, entre os depoentes, há apenas testemunhas do assassinato ou também algum suspeito de ter agredido Samuel.

Uma amiga de Samuel que estava com ele na madrugada de sábado, 3, disse à imprensa espanhola que um rapaz passou a agredir o auxiliar de enfermagem após pensar que este o estava filmando. A jovem, que os jornalistas espanhóis estão identificando apenas como Lina, contou que ela e Samuel tinham saído da boate e faziam uma videochamada por celular com uma terceira pessoa, quando o agressor, acompanhado por uma moça, passou a gritar para que Samuel parasse de filmá-lo.

De acordo com o site La Opinión, da Coruña, Lina relatou que ela e Samuel disseram ao rapaz que estavam conversando com uma amiga, mas este não acreditou e começou a ofender o auxiliar de enfermagem com termos de cunho homofóbico. Os dois discutiram e, então, o rapaz começou a agredir Samuel, que caiu no chão. Um terceiro homem apartou a briga e a situação se acalmou, a ponto de Lina ter se afastado de Samuel para recolher o celular e outros pertences do jovem que se espalharam durante a confusão.

Ainda conforme o relato, foi quando voltava para perto do amigo que Lina viu outras pessoas investindo contra Samuel. De acordo com ela, ao menos sete jovens, entre os quais, o primeiro agressor, bateram muito em Samuel, ignorando seus gritos e os alertas de que iram matá-lo. O grupo se dispersou antes da chegada dos primeiros policiais, deixando Samuel inconsciente.

Samuel vivia na Espanha desde os primeiros anos de vida. Ele trabalhava em uma entidade que cuida de idosos e crianças de até 3 anos de idade, a Real Instituição Beneficente Padre Rubinos. Na segunda-feira, pessoas atendidas, funcionários e voluntários se reuniram no pátio da entidade e fizeram um minuto de silêncio em homenagem a Samuel.

Ansa - Brasil
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