Mortes em Gaza são subestimadas em 40%, diz estudo
Segundo pesquisadores, guerra fez mais de 70 mil vítimas
O número de mortes na Faixa de Gaza devido à guerra entre Hamas e Israel pode ter superado 70 mil pessoas, quase o dobro do balanço divulgado pelo Ministério da Saúde do enclave, controlado pelo grupo fundamentalista islâmico.
A projeção é resultado de um estudo independente publicado na revista científica The Lancet por pesquisadores da London School of Hygiene & Tropical Medicine, liderado pela epidemiologista Zeina Jamaluddine.
Os estudiosos estimam que o confronto entre o Hamas e as forças israelenses no período entre 7 de outubro de 2023 e 30 de junho de 2024 teria feito 64.260 vítimas. Já a estatística divulgada pelo Ministério da Saúde local para a mesma data foi de 37.877 mortos.
De acordo com a equipe comandada por Jamaluddine, em outubro passado o número de vítimas no enclave já teria superado a cota de 70 mil, incluindo mortes diretas, causadas por lesões traumáticas, e indiretas, devido à interrupção dos cuidados de saúde, insegurança alimentar, falta de água e saneamento, além de doenças.
Segundo essa pesquisa, a guerra em Gaza causou a morte de aproximadamente 3% da população, sendo que 59% das vítimas eram mulheres, crianças e idosos.
Os investigadores chegaram a essas conclusões utilizando o método estatístico de captura-recaptura, que sobrepõe dados de múltiplas fontes para obter estimativas de mortes quando nem todos os dados são registrados. As fontes utilizadas para o estudo incluíram cifras de necrotérios do Ministério da Saúde, uma pesquisa on-line e obituários nas redes sociais.
O balanço subestimado pode se atribuir à deterioração das infraestruturas de saúde de Gaza e à incapacidade de contar as mortes em meio à violência em curso. De acordo com dados publicados na última quinta-feira (9) pelas autoridades locais, o número total de baixas na população palestina foi de 46.006 em 15 meses de guerra.
"O Gabinete de Direitos Humanos da ONU já condenou o elevado número de civis mortos na guerra em Gaza e nossas conclusões sugerem que o número de óbitos por lesões traumáticas é subnotificado em cerca de 41%. Tais resultados evidenciam a necessidade urgente de intervenção para salvaguardar os civis e evitar novas perdas de vidas humanas", afirma Jamaluddine.
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