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Mulher peruana tem aparelhos desligados 3 meses após Justiça autorizar morte

Maria Teresa, de 66 anos, morreu na última sexta, após rejeitar tratamento para doença

7 mai 2024 - 15h12
(atualizado às 16h04)
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Mulher peruana tem aparelhos desligados 3 meses após Justiça autorizar morte
Mulher peruana tem aparelhos desligados 3 meses após Justiça autorizar morte
Foto: Reprodução

Maria Teresa Benito Orihuela, de 66 anos, morreu na última sexta-feira, 3, depois de ter desligados os aparelhos que mantinham sua respiração funcionando mecanicamente por seis anos. A mulher peruana obteve na Justiça o direito de rejeitar um tratamento de saúde no dia 1º de fevereiro.

Maria Teresa era administradora e portadora de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), doença neurológica degenerativa e incurável. Segundo informações da agência de notícias Reuters, um médico ligado à seguradora pública de saúde do Peru, a EsSalud, concordou em realizar o procedimento. A mulher foi sedada enquanto o respirador foi desligado.

Doze profissionais haviam recusado a cumprir a ordem da Justiça, alegando que a situação ia contra princípios religiosos, ou objeção de consciência, o que é um direito da categoria. Esse foi o segundo caso no país em que a Justiça interviu pelo direito à morte digna. A luta da mulher era apoiada pelos dois filhos.

Devido à doença, Maria respirava por meio de traqueostomia conectada a um ventilador mecânico, e era alimentada por sonda. Ela estava lúcida e conseguia se comunicar por meio de um aparelho que lia o movimento dos olhos. Nos últimos meses, ela contraiu conjuntivite e sua visão foi comprometida, colocando em risco seu único meio de se comunicar.

A advogada da família alega que a administradora morreu rodeada pelo amor da família e em paz, conforme sua vontade.

O caso mobilizou o país em torno do debate sobre o direito à morte digna. A situação, porém, não deve ser confundida com a eutanásia, que consiste em se administrar uma substância letal a um paciente. O caso de Maria trata-se de uma adequação de esforço terapêutico. Isso significa que o paciente decide não se submeter a um tratamento, permitindo o avanço da doença e uma morte natural.

Como última mensagem, Maria agradeceu a todos, disse que ama a família e que nunca se sentiu sozinha.

“Nunca me senti sozinha. No entanto, não foi nada fácil. Quero que saibam que todos têm esse direito. Ninguém sabe como será sua velhice, mas o que se sabe é que não é necessário sofrer ou fazer sofrer sua família. (...) Amo a vida, mas não nessas condições. (...) Vou contente porque cumpri parte dos meus sonhos e projetos e deixo de legado dois filhos maravilhosos, netos e bisneto”, comunicou.

Fonte: Redação Terra
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