Mundo vive 'carestia de paz', diz Papa em bênção de Natal
Francisco listou crises no mundo, começando pela Ucrânia
O papa Francisco usou sua bênção de Natal neste domingo (25) para fazer mais um apelo em defesa da paz em todo o mundo.
Em sua mensagem "Urbi et Orbi" ("À cidade e ao mundo"), pronunciada diante da Basílica de São Pedro, o líder da Igreja Católica lembrou não apenas do conflito na Ucrânia, mas também de crises em países como Síria, Iêmen, Irã e Myanmar.
"O nosso tempo está vivendo uma grave carestia de paz", disse Jorge Bergoglio em seu discurso, acrescentando que o planeta é palco de uma "terceira guerra mundial" fracionada, ideia que o pontífice repete desde muito antes do conflito russo-ucraniano.
A guerra na Europa foi a primeira a ser mencionada pelo Papa em sua mensagem, dando continuidade aos apelos quase diários que ele tem feito nos últimos 10 meses.
"Que nosso olhar seja preenchido pelos rostos dos irmãos e das irmãs da Ucrânia, que vivem este Natal no escuro, no frio ou longe de suas próprias casas devido à destruição provocada por 10 meses de guerra. Que o senhor nos torne prontos para gestos concretos de solidariedade para ajudar os que sofrem e ilumine as mentes de quem tem poder de calar as armas e colocar fim imediato a essa guerra insensata", disse.
Francisco também destacou os efeitos colaterais do conflito na Ucrânia, um dos maiores produtores mundiais de grãos e que enfrenta dificuldades para escoar suas safras, provocando a disparada global dos preços de alimentos.
"Pensemos nas pessoas que sofrem com a fome, sobretudo crianças, enquanto todos os dias grandes quantidades de alimentos são desperdiçadas e se gasta recursos com armas. A guerra na Ucrânia agravou ainda mais essa situação, deixando inteiras populações em risco de carestia, especialmente no Afeganistão e nos países do Chifre da África", declarou Bergoglio, fazendo um apelo para que os alimentos sejam "apenas instrumentos de paz".
Mundo em crise
Durante a mensagem, o Papa também recordou da Síria, "ainda martirizada por um conflito que passou para o segundo plano, mas não terminou", em referência à guerra civil que sacode o país árabe há quase 12 anos.
Além disso, Francisco desejou que o Líbano, afligido por sucessivas crises econômicas e políticas, "possa se levantar com o apoio da comunidade internacional" e demonstrou preocupação com os conflitos e tensões no Iêmen e no Sahel, cinturão árido situado ao sul do deserto do Saara e palco de atividades jihadistas.
O pontífice ainda pediu reconciliação para a Terra Santa, "onde as violências e os confrontos aumentaram nos últimos meses, com mortos e feridos". "Imploremos ao senhor para que a terra que o viu nascer retome o diálogo e a busca por confiança recíproca entre israelenses e palestinos", ressaltou.
Em seguida, Francisco fez um apelo contra o "derramamento de sangue" no Irã, país sacudido pela violenta repressão a protestos pelos direitos das mulheres, e em Myanmar, nação asiática em crise desde um golpe militar instaurado em fevereiro de 2021.
O líder católico também lembrou das "tensões políticas e sociais" no continente americano, "principalmente da população haitiana, que sofre há tanto tempo".