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Na contramão de tendência mundial, Brasil reduz gastos militares em 2016

26 abr 2017 - 14h15
(atualizado às 14h22)
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Soldado em patrulhamento durante Olimpíadas do Rio; país caiu da 12ª para a 13ª posição em gastos militares no mundo
Soldado em patrulhamento durante Olimpíadas do Rio; país caiu da 12ª para a 13ª posição em gastos militares no mundo
Foto: Exército/Divulgação / BBC News Brasil

O prolongamento da recessão fez com que os gastos militares brasileiros encolhessem no ano passado, na contramão do resto do mundo.

De acordo com o relatório "Tendências dos gastos militares no mundo", divulgado pelo Instituto de Pesquisa pela Paz Internacional de Estocolmo, o Brasil caiu da 12ª para a 13ª posição no ranking que avalia 172 países.

Em 2016, os gastos militares brasileiros foram de US$ 23,7 bilhões ou 1,3% do PIB (Produto Interno Bruto, ou soma de todas as riquezas produzidas pelo país), queda de 7,2% na comparação com o ano anterior.

Já os gastos globais subiram 0,4% no mesmo período, para US$ 1,686 trilhão, ou 2,2% do PIB mundial.

A alta foi puxada pelo crescimento desse tipo de despesa nos Estados Unidos, China e Rússia.

Segundo o relatório, os gastos continuaram a crescer na Ásia e Oceania, na Europa Central e do leste e no norte da África. Por outro lado, caíram na América Central e Caribe, no Oriente Médio, na América do Sul e na África subsaariana.

No Brasil, gastos militares caíram por "fracasso" na recuperação da economia, disse relatório
No Brasil, gastos militares caíram por "fracasso" na recuperação da economia, disse relatório
Foto: Exército/Divulgação / BBC News Brasil

Brasil

No Brasil, os gastos militares caíram por causa do "fracasso para revitalizar uma economia mergulhada em recessão", informou o estudo.

O Brasil é o país que mais investe em defesa na América do Sul.

Como o governo brasileiro reduziu os gastos militares no ano passado, isso acabou puxando para baixo o desempenho da região como um todo, que registrou queda de 7,5% em relação a 2015, apesar de um incremento nas despesas da Argentina (12%) e da Colômbia (8,8%).

"A queda nos gastos militares na América do Sul (7,5%) pode ser principalmente atribuída ao ambiente de segurança favorável, ao maior impacto da queda dos preços do petróleo em países exportadores da matéria-prima e aos problemas econômicos do Brasil", destacou o levantamento.

Estados Unidos

Os Estados Unidos permaneceram como o país com os maiores gastos militares anuais no mundo. As despesas subiram 1,7%, para US$ 611 bilhões.

Já os gastos militares na China, que ocupa a segunda posição no ranking, aumentaram 5,4%, para US$ 215 bilhões, uma taxa de crescimento inferior à dos últimos anos.

Ultrapassando a Arábia Saudita, a Rússia aparece em terceiro lugar, com gastos totais de US$ 69,2 bilhões, alta de 5,9% em relação a 2015.

As despesas militares na Arábia Saudita caíram 30%, para US$ 63,7 bilhões, apesar do envolvimento contínuo do país em guerras regionais.

A Índia ocupa a quinta posição, com alta de 8,5%, para US$ 55,9 bilhões.

"O crescimento dos gastos militares dos Estados Unidos em 2016 pode sinalizar o fim de uma tendência de redução desse tipo de despesa, resultado da crise econômica e da retirada das tropas americanas do Iraque e do Afeganistão. Apesar disso, os gastos militares no ano passado permaneceram 20% menores do que no pico, em 2010", afirma o relatório.

A Europa Central (2,4%) também aumentou os gastos militares no ano passado. A região concentra os países com o maior crescimento relativo de despesas militares.

Segundo o levantamento, isso se dá pela "percepção de que a Rússia representa uma ameaça ainda maior".

Países exportadores de petróleo

A queda no preço internacional do petróleo também impactou os gastos militares de países que dependem da matéria-prima para gerar receitas.

Esse foi o caso da Venezuela (-56%), Sudão do Sul (-54%), Azerbaijão (-36%) e Arábia Saudita (-30%). Angola, Equador, Cazaquistão, México, Omã e Peru também apresentaram queda.

Apenas dois dos 15 países com as maiores quedas nos gastos militares no ano passado não são exportadores de petróleo. São eles: Guiné e Zâmbia.

No entanto, diz o relatório, uma pequena parcela dos países exportadores de petróleo, como Argélia, Irã, Kuwait e Noruega, tinha melhores condições econômicas para enfrentar os choques dos preços de petróleo e conseguiu manter estáveis seus planos de gastos.

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