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Na guerra não há vencedores, afirma secretário-geral da ONU

11 set 2017 - 13h27
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O  secretário-geral  das  Nações  Unidas António Guterres
O secretário-geral das Nações Unidas António Guterres
Foto: Agência Brasil

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, defende maior cooperação e diplomacia entre os países na luta contra o terrorismo. Na guerra, não há vencedores, afirma Guterres, em entrevista à ONU News, por ocasião dos preparativos para a próxima Assembleia Geral da ONU, que reunirá chefes de Estado, de Governo e ministros dos países-membros da organização, a partir do dia 19 deste mês, em Nova York.

Conforme a tradição iniciada pelo diplomata brasileiro Osvaldo Aranha em 1947, o presidente do Brasil fará o pronunciamento de abertura da sessão. Para Guterres, a ONU deve ser um instrumento para o aumento da diplomacia pela paz e tem feito o possível para convencer as partes envolvidas nos conflitos ao redor do mundo. Ele afirma que as soluções são globais, e não de país para país. "Ninguém está a ganhar. Todos estão a perder. E isso é absolutamente essencial para que eles [os envolvidos nos conflitos] esqueçam as diferenças, as contradições de interesses, e possam realmente ´pôr fim a essa trágica série de crises, violência e conflitos", afirma o secretário-geral das Nações Unidas.

Guterres destaca que as guerras acabam fortalecendo o terrorismo, pois segregam as sociedades, ao invés de permitir que as pessoas sintam-se parte integrante, acolhidas e respeitadas. Ele diz que, em sociedades fragmentadas, as organizações terroristas têm mais facilidade para recrutar pessoas. Além disso, o desemprego entre os jovens também é um elemento preocupante, por permitir que grupos terroristas recrutem pessoas que não têm perspectivas de um futuro melhor.

Na entrevista, Guterres também falou sobre a questão climática. Ele citou seu país natal, Portugal, que sofre atualmente com a seca e os incêndios florestais. "Nos Estados Unidos, em Portugal e outras partes do mundo, estamos vendo ondas de calor, enchentes dramáticas que ocorrem na Serra Leoa, na Índia, no Nepal."

Ele lembra que sempre houve cheias no passado, mas observa que os desastres naturais tornaram-se mais frequentes, mais intensos e com consequências mais arrasadoras. "Estamos a ver um aumento de desertos, glaciares a diminuir. Os níveis do mar começaram a subir. Está claro que se trata de um ameaça a todos nós", afirma, ao ressaltar a importância do Acordo de Paris, firmado com o objetivo de reduzir as emissões de gases de efeito estufa no contexto do desenvolvimento sustentável.

Guterres enfatiza que os jovens são menos propensos a tendências irracionais de nacionalismo, xenofobia e racismo. "Os jovens percebem que a diversidade é uma riqueza, e não uma ameaça. Espero que os jovens levem suas sociedades, suas comunidades e seus governos a compreender que precisam de políticas de coesão social, de políticas que permitam a cada um sentir que sua identidade é respeitada e que, ao mesmo tempo, eles pertencem a uma comunidade como um todo."

António Guterres, que se dz um leitor compulsivo de livros de história e um grande admirador do poeta português Fernando Pessoa, sucede o sul-coreano Ban Ki-moon na Secretaria-Geral da ONU. Foi primeiro-ministro de Portugal de 1995 a 2002. Nas Nações Unidas, ele atuou como alto-comissário para os refugiados, chefiando a Acnur, agência da ONU especializada no tema, de junho de 2005 a dezembro de 2015.

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Agência Brasil Agência Brasil
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