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Na ONU, Bolsonaro defende tratamento ineficaz e ataca isolamento

21 set 2021 - 11h44
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Enquanto o Brasil se aproxima das 600 mil mortes na pandemia do novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro usou o palco da Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU) para criticar medidas de isolamento e defender o tratamento precoce com remédios de ineficácia comprovada contra a Covid-19.

Jair Bolsonaro aparece de máscara na Assembleia-Geral da ONU
Jair Bolsonaro aparece de máscara na Assembleia-Geral da ONU
Foto: EPA / Ansa - Brasil

Além disso, foi na contramão das políticas adotadas em diversos países do mundo desenvolvido e se posicionou de forma contrária à introdução de "passaportes sanitários" para permitir acesso a determinados locais.

Em um discurso de aproximadamente 12 minutos, Bolsonaro disse logo no início que seu objetivo era mostrar um "Brasil diferente daquilo publicado em jornais ou visto nas televisões", mas, na prática, manteve o mesmo tom dos pronunciamentos que permeiam seus quase três anos de mandato.

O presidente mencionou a pandemia já na parte final do discurso, quando afirmou lamentar "todas as mortes ocorridas no Brasil e no mundo". "Sempre defendi combater o vírus e o desemprego de forma simultânea e com a mesma responsabilidade. As medidas de isolamento e lockdown deixaram um legado de inflação, em especial nos gêneros alimentícios, no mundo todo", disse.

Em seguida, Bolsonaro, que é acusado de protelar a compra de imunizantes anti-Covid e de tentar sabotar a Coronavac, garantiu apoiar a "vacinação", mas ressaltou que seu governo é contra "o passaporte sanitário ou a qualquer obrigação relacionada à vacina".

Além disso, voltou a defender a "autonomia do médico na busca do tratamento precoce", uma referência implícita ao uso de hidroxicloroquina e ivermectina no combate à Covid-19. "Eu mesmo fui um desses que fez tratamento inicial. Respeitamos a relação médico-paciente na decisão da medicação a ser utilizada e no seu uso off label", declarou.

Na sequência, ainda criticou países que rejeitaram estratégias comprovadamente ineficazes para enfrentar a pandemia. "Não entendemos por que muitos países, juntamente com grande parte da mídia, se colocaram contra o tratamento inicial. A história e a ciência saberão responsabilizar a todos", salientou.

Amazônia e protestos

Em meio a menções sobre risco de socialismo, bolivarianismo na Venezuela e a questões internas como leilões de ferrovias e saneamento básico, Bolsonaro também falou sobre a crise na Amazônia e as manifestações antidemocracia de 7 de setembro.

"Nossa agricultura sustentável de baixo carbono alimenta mais de 1 bilhão de pessoas no mundo e utiliza apenas 8% do território nacional. Nenhum país do mundo possui uma legislação ambiental tão completa quanto a nossa. Nosso código florestal deve servir de exemplo para outros países", afirmou.

Segundo o presidente, 84% da floresta no bioma amazônico está "intacta", e os "recursos humanos e financeiros destinados ao fortalecimento dos órgãos ambientais foram dobrados, com vistas a zerar o desmatamento ilegal".

"E os resultados dessa importante ação já começaram a aparecer. Na Amazônia, tivemos a redução de 32% do desmatamento no mês de agosto, quando comparado a agosto do ano anterior. Qual país do mundo tem uma política de preservação ambiental como a nossa? Os senhores estão convidados a visitar a nossa Amazônia", acrescentou.

De acordo com o governo, a área desmatada na Amazônia em agosto foi de 918 quilômetros quadrados, uma queda de 32,45% em relação ao mesmo período de 2020, mas o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) aponta uma devastação de 1.606 quilômetros quadrados de floresta, maior cifra para o mês em 10 anos.

Já no fim do discurso, Bolsonaro defendeu as manifestações antidemocráticas de 7 de setembro, quando o presidente fez ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao sistema eleitoral brasileiro.

"Milhões de brasileiros, de forma pacífica e patriótica, foram às ruas, na maior manifestação de nossa história, mostrar que não abrem mão da democracia, das liberdades individuais e de apoio ao nosso governo", disse.

O maior ato em 7 de setembro foi na Avenida Paulista, em São Paulo, com 125 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, muito longe dos números vistos nas manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff, por exemplo.

Ansa - Brasil
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