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Nancy Pelosi ignora ameaças e desembarca em Taiwan

Mais cedo, China disse que Estados Unidos “pagarão o preço” pela visita da presidente da Câmara norte-americana

2 ago 2022 - 12h25
(atualizado às 13h50)
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Nancy Pelosi (de rosa) desembarca em Taiwan e é recebida pelo ministro das Relações Exteriores, Joseph Wu, na capital Taipei
Nancy Pelosi (de rosa) desembarca em Taiwan e é recebida pelo ministro das Relações Exteriores, Joseph Wu, na capital Taipei
Foto: Reuters

Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, ignorou as ameaças feitas pela China nos últimos dias e desembarcou em Taipé, capital de Taiwan, nesta terça-feira, 2.

Segundo ela, o compromisso dos EUA com uma Taiwan democrática é mais importante do que nunca. "A visita de nossa delegação do Congresso a Taiwan honra o compromisso inabalável dos Estados Unidos em apoiar a vibrante democracia de Taiwan", disse Pelosi em comunicado divulgado logo após o seu desembarque no país.

"A solidariedade da América com os 23 milhões de habitantes de Taiwan é mais importante hoje do que nunca, pois o mundo enfrenta uma escolha entre autocracia e democracia."

Em represália à visita da norte-americana, aviões de guerras chineses Su-35 sobrevoam o Estreito de Taiwan, como informou a mídia estatal chinesa. 

O Ministério das Relações Exteriores da China condenou a visita e, em um comunicado divulgado logo após o desembarque, disse que a situação afeta severamente as bases políticas das relações entre China e EUA. O governo chinês relata ainda ter apresentado um forte protesto aos Estados Unidos.

Mais cedo, a China já havia enviado um recado afirmando que o governo dos EUA “pagará o preço" pela visita de Nancy Pelosi. “Os Estados Unidos carregarão essa responsabilidade e pagarão o preço por minar a soberania e segurança da China”, disse Hua Chunying, porta-voz do ministério das Relações Exteriores da China.

Também nesta terça, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, disse que os políticos norte-americanos que "brincam com fogo" na questão de Taiwan "não terão um bom fim", de acordo com uma declaração do ministério.

A agenda de Pelosi em Taiwan inclui um encontro com a presidente Tsai Ing-wen já nesta quarta-feira, 3, segundo a imprensa local.

Casa Branca: EUA não serão intimidados pela China

Na segunda-feira, 1º, a Casa Branca admitiu prever que a China intensifique nos próximos dias sua resposta sobre a visita da presidente da Câmara a Taiwan, mas ressaltou que os EUA "não serão intimidados".

As ações da China podem incluir o lançamento de mísseis perto de Taiwan, atividades aéreas ou navais em larga escala ou outras "reivindicações espúrias", afirmou o porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, a repórteres.

"Nós não vamos morder a isca ou nos envolver em ameaça de guerra. Ao mesmo tempo, não seremos intimidados", afirmou.

Kirby disse que nada sobre a viagem de Pelosi muda a política dos EUA em relação a Taiwan, e que Pequim estava bem ciente de que a divisão de poderes dentro do governo dos EUA significa que Pelosi tomaria suas próprias decisões sobre a visita.

"A presidente da Câmara tem o direito de visitar Taiwan, e um presidente da Câmara já visitou Taiwan antes, sem incidentes, assim como muitos membros do Congresso, incluindo este ano", disse Kirby.

"Não há razão para Pequim transformar uma potencial visita consistente com a política de longa data dos EUA em algum tipo de crise ou conflito, ou usá-la como pretexto para aumentar a atividade militar agressiva dentro ou ao redor do Estreito de Taiwan", completou.

Protesto contra visita de Nancy Pelosi em Taiwan
Protesto contra visita de Nancy Pelosi em Taiwan
Foto: Reuters

Tensão diplomática

Quatro navios de guerra dos Estados Unidos, incluindo um porta-aviões, foram posicionados em águas a leste de Taiwan, no que a Marinha dos EUA chamou de destacamentos de rotina nesta terça-feira, em meio à irritação chinesa sobre a visita de Nancy Pelosi à ilha.

O porta-aviões USS Ronald Reagan havia transitado pelo Mar do Sul da China e estava atualmente no Mar das Filipinas, ao leste de Taiwan e das Filipinas e ao sul do Japão, disse um oficial da Marinha dos Estados Unidos à Reuters.

O Reagan, baseado no Japão, está operando com um cruzador de mísseis guiados, USS Antietam, e um destróier, USS Higgins. "Embora eles sejam capazes de responder a qualquer eventualidade, estas são implantações normais e rotineiras", disse o oficial, que falou sob a condição de anonimato.

Em meio a essas tensões, aviões chineses voaram perto da linha mediana que divide a via navegável na manhã de terça-feira e vários navios de guerra chineses permaneceram perto da linha divisória não oficial desde segunda-feira, informou uma fonte à Reuters.

A fonte disse que as aeronaves chinesas conduziram repetidamente movimentos táticos de "tocar" brevemente a linha mediana e circular de volta para o outro lado do estreito enquanto as aeronaves taiwanesas estavam em alerta nas proximidades --um movimento que eles descreveram como provocador.

O Ministério da Defesa de Taiwan disse em comunicado que tem total conhecimento das atividades militares perto de Taiwan e enviará forças apropriadamente em reação a "ameaças inimigas".

Os Ministérios da Defesa e das Relações Exteriores da China não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.

* Com informações da Reuters

Fonte: Redação Terra
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