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Política de Bolsonaro: "Não temos poder dos EUA", diz Temer

Declaração foi resposta a uma pergunta da jornalista se seria positiva ou negativa a política externa que Bolsonaro tem apresentado

5 dez 2018 - 22h39
(atualizado às 23h41)
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No último mês de seu mandato, o presidente Michel Temer disse, em entrevista na noite desta quarta-feira, 5, acreditar que o seu sucessor, Jair Bolsonaro, vai acabar adotando uma política externa multilateral, diferente do que vem indicando nas últimas semanas. "Não temos o mesmo poder que os Estados Unidos", disse.

Bolsonaro nomeou um diplomata admirador do presidente americano, Donald Trump, e crítico da globalização, Ernesto Araújo, para o ministério de Relações Exteriores. Ele já indicou que deve priorizar as relações bilaterais com os Estados Unidos e Israel.

Temer e Bolsonaro
Temer e Bolsonaro
Foto: Ernesto Rodrigues / Estadão Conteúdo

"Em face da globalização, você não tem como lançar uma política isolacionista. Eu não sei se os Estados Unidos podem, porque são um País poderoso. Nós não temos o mesmo poder nem econômico, nem político, nem internacional dos Estados Unidos. Então não podemos, temos que adotar o multilateralismo", defendeu o presidente, em entrevista à jornalista Roseann Kenedy, na TV Brasil.

A declaração do presidente foi em resposta a uma pergunta da jornalista se seria positiva ou negativa a política externa que Bolsonaro tem apresentado, com foco em relações bilaterais com os Estados Unidos e a possível troca da embaixada de Israel de Tel Aviv para Jerusalém.

"Eu penso que o presidente Bolsonaro vai acabar adotando essa fórmula, digamos, universal. De universalizar as relações com os vários países", completou Temer.

Na semana passada, o presidente eleito recebeu em sua casa, no Rio de Janeiro, o assessor de segurança nacional de Trump, John Bolton. O episódio gerou polêmica, porque Bolsonaro, que é capitão reformado, prestou continência ao americano.

A fala de Temer a respeito da política externa foi o único momento da entrevista em que fugiu dos elogios ao presidente eleito. Questionado sobre a maior dificuldade que Bolsonaro deve enfrentar, o emedebista disse que "seria o Congresso", mas lembrou que ele tem se encontrado com bancadas partidárias nos últimos dois dias.

"Aparentemente, seria a relação com o Congresso, mas vejo que ele está chamando as bancadas, está tendo contato com as bancadas. Penso que, mesmo no tocante à relação com o Congresso Nacional, não haverá dificuldades", disse.

Estadão
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