Nenhum passo concreto foi tomado sobre adesão da Turquia ao Brics, diz partido de Erdogan
A Turquia não tomou nenhuma medida concreta para atender ao seu desejo declarado de se juntar ao grupo Brics de economias emergentes, mas "um processo está em andamento", disse o porta-voz do partido governista do país nesta terça-feira.
O Brics é formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Etiópia, Irã, Egito e Emirados Árabes Unidos.
Moscou e Pequim, especialmente, estão ansiosos para expandir ainda mais o grupo, pois buscam combater o domínio econômico do Ocidente, e seria um grande golpe diplomático se a Turquia, integrante da aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e candidata a membro da UE, aderisse.
"Nosso presidente declarou em vários momentos que queremos ser um membro (do Brics)... Nossa solicitação sobre essa questão é clara. Esse processo está em andamento dentro deste parâmetro, mas não há nenhum desdobramento concreto sobre isso", disse Omer Celik, do Partido AK, do presidente Tayyip Erdogan, a repórteres em Ancara.
"Se houver um desdobramento concreto -- uma decisão ou avaliação do Brics sobre a adesão -- nós compartilharemos isso com vocês", disse ele quando perguntado sobre as reportagens da imprensa sobre o assunto.
A Turquia tem sido relativamente discreta em público sobre seus planos.
Perguntado durante uma visita à China em junho se a Turquia poderia se juntar ao Brics, o ministro das Relações Exteriores, Hakan Fidan, disse: "Gostaríamos, é claro, por que não?", sem dar mais detalhes.
A Rússia recebeu bem os comentários de Fidan e disse que a questão estaria na agenda da próxima cúpula do Brics. Mas o ministro das Finanças turco, Mehmet Simsek, disse posteriormente em Londres que a Turquia não queria se desvincular de seus "principais" parceiros ocidentais, e seu ministro da Defesa enfatizou no mês passado que Ancara continua comprometida com suas responsabilidades como integrante da Otan.
O interesse de Ancara no Brics e seus laços de amizade com a Rússia, especialmente em energia, turismo, mas também em defesa, despertaram o temor dos Estados Unidos e da Europa de que a Turquia possa estar se afastando de sua orientação geopolítica ocidental tradicional.