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Nobel da Paz 2022: quem são os opositores de Putin premiados

Ativista e entidades que lutam por direitos humanos na Rússia, Ucrânia e Belarus foram homenageados

7 out 2022 - 13h56
(atualizado às 15h02)
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O ativista Ales Bialiatski, a organização Memorial e a organização Centro das Liberdades Civis são os ganhadores do Nobel da Paz de 2022
O ativista Ales Bialiatski, a organização Memorial e a organização Centro das Liberdades Civis são os ganhadores do Nobel da Paz de 2022
Foto: Divulgação / BBC News Brasil

O ativista político bielorrusso Ales Bialiatski, a organização russa de direitos humanos Memorial e a organização ucraniana Centro das Liberdades Civis são os ganhadores do Nobel da Paz de 2022.

Eles foram homenageados por seu trabalho em proteger os direitos humanos dos cidadãos e demonstrar a importância da sociedade civil na construção da paz e da democracia, disse o Comitê do Nobel.

Os laureados representam a sociedade civil de seus países de origem, diz o comitê, e "promovem há muitos anos o direito de criticar o poder e proteger os direitos fundamentais dos cidadãos".

O comitê destacou o esforço "extraordinário" dessas duas organizações e do ativista para "documentar crimes de guerra, desrespeito aos direitos humanos e abuso de poder".

O prêmio, diz a entidade, destaca o trabalho de "três defensores excepcionais dos direitos humanos, da democracia e da coexistência pacífica nas vizinhas Belarus, Rússia e Ucrânia".

O Nobel ressaltou os constantes esforços dos premiados em favor de "valores humanistas, antimilitarismo e princípios do direito" algo que honra a visão de paz e fraternidade entre as nações, "muito necessária no mundo de hoje ".

"Isso é reconhecimento para eles, não contra ninguém", afirmou uma porta-voz da entidade.

A Rússia, comandada por Vladimir Putin, está em guerra contra a Ucrânia desde fevereiro deste ano.

Ales Bialiatski é preso político em seu país de origem desde o ano passado
Ales Bialiatski é preso político em seu país de origem desde o ano passado
Foto: Reprodução/Facebook / BBC News Brasil

Um prêmio para 'elevar o ânimo'

Ales Bialiatski (1962) é um dos iniciadores do movimento democrático que surgiu em Belarus em meados da década de 1980. Ele dedicou sua vida a promover a democracia e o desenvolvimento pacífico em seu país de origem.

Em 1996, fundou a organização Viasna (Primavera) "em resposta às polêmicas reformas constitucionais que deram poderes ditatoriais ao presidente e que desencadearam protestos generalizadas", explica o Comitê do Nobel, que prestou apoio a manifestantes presos e suas famílias.

A Viasna então evoluiu para uma ampla organização de direitos humanos que "documentou e protestou contra o uso de tortura pelas autoridades contra prisioneiros políticos".

Apesar das enormes dificuldades pessoais, Bialiatski não cedeu um centímetro na sua luta pelos direitos humanos e pela democracia. Ele ficou preso entre 2011 e 2014 e foi novamente detido em 2021, depois de participar de grandes protestos da oposição após as eleições de 2020. Os ativistas afirmam que as eleições que mantiveram Aleksandr Lukashenko foram fraudulentas.

"Pedimos às autoridades que o libertem (Bialiatski). Mas sabemos que existem milhares de presos políticos em Belarus e não é muito realista pensar que vão libertá-lo", disse a porta-voz encarregada de anunciar o Prêmio Nobel da Paz.

"Bialiatski está detido em condições muito duras. Esperamos que este prêmio ajude a elevar seu ânimo", disse o comitê.

Ales Bialiatski pouco antes de sua prisão, em 2020
Ales Bialiatski pouco antes de sua prisão, em 2020
Foto: Reprodução/Facebook / BBC News Brasil

Da URSS até hoje

A organização de direitos humanos Memorial foi criada em 1987 na antiga União Soviética. Seus fundadores incluem o ganhador do Prêmio Nobel da Paz Andrei Sakharov e a defensora dos direitos humanos Svetlana Gannushkina.

O lema do Memorial baseia-se na noção de que o enfrentamento de crimes do passado é essencial para prevenir novos crimes. Após o colapso da URSS, a entidade cresceu e se tornou a maior organização de direitos humanos da Rússia.

"Além de estabelecer um centro de documentação sobre as vítimas da era stalinista, a entidade coletou e sistematizou informações sobre opressão política e violações de direitos humanos na Rússia", aponta o comitê.

A entidade Memorial precisou fechar sua sede em Moscou
A entidade Memorial precisou fechar sua sede em Moscou
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Assim, eles apontam, tornou-se a fonte de informação mais confiável "sobre presos políticos em centros de detenção russos".

A organização também tem estado na vanguarda dos esforços para combater o militarismo, promover os direitos humanos e um governo baseado no estado de direito.

Durante as guerras da Chechênia, o Memorial coletou e verificou informações sobre abusos e crimes de guerra perpetrados contra a população civil por forças russas e pró-russas. Em 2009, a chefe da filial do Memorial na Chechênia, Natalia Estemirova, foi morta por causa desse trabalho.

O Memorial foi listado como "agente estrangeiro" pelo governo russo e em dezembro de 2021 eles decidiram fechar seu centro de documentação. Comentando sobre a dissolução forçada, o presidente da entidade Yan Rachinsky declarou: "Ninguém planeja desistir".

O Centro para as Liberdades Civis diz que está 'orgulhoso' de ter recebido o prêmio; na foto, a co-cordenadora Natalia Yashchuk
O Centro para as Liberdades Civis diz que está 'orgulhoso' de ter recebido o prêmio; na foto, a co-cordenadora Natalia Yashchuk
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Prêmio na Ucrânia

O Centro para as Liberdades Civis foi fundado em Kiev, na Ucrânia, em 2007, com o objetivo de promover os direitos humanos e a democracia no país.

"O centro assumiu uma posição de fortalecer a sociedade civil ucraniana e pressionar as autoridades para tornar a Ucrânia uma democracia de pleno direito", afirma a fundação do Nobel.

Para transformar a Ucrânia em um estado governado pelo Estado de Direito, o Centro para as Liberdades Civis têm defendido ativamente a adesão da Ucrânia ao Tribunal Penal Internacional.

Após a invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022, o Centro para as Liberdades Civis se comprometeu a identificar e documentar os crimes de guerra russos contra a população civil ucraniana.

Em colaboração com parceiros internacionais, o centro está desempenhando um papel pioneiro na responsabilização dos culpados por seus crimes.

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