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Nova Thatcher? Quem é Theresa May, a futura primeira-ministra do Reino Unido

11 jul 2016 - 14h41
(atualizado às 15h04)
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Theresa May deve assumir lugar de David Cameron na quarta, segundo anunciado pelo premiê
Theresa May deve assumir lugar de David Cameron na quarta, segundo anunciado pelo premiê
Foto: Getty Images

A corrida para substituir o primeiro-ministro britânico David Cameron ganhou uma reviravolta nesta segunda com a desistência da ministra da Energia, Andrea Leadsom. Diante disso, a ministra do Interior, Theresa May, se tornará a primeira mulher a assumir o cargo em 25 anos - ou seja, desde o fim da era Margaret Thatcher.

Segundo anunciado por Cameron, May assumirá o posto na quarta à noite. O premiê comunicou que renunciaria ao cargo logo após o resultado do plesbicito que definiu a saída do Reino Unido da União Europeia.

May havia sido uma das escolhidas na semana passada pelos parlamentares do Partido Conservador para concorrer à votação que definiria o novo líder da sigla e, consequentemente, primeiro-ministro.

Em pronunciamento em frente ao Parlamento, ela disse estar "honrada" com sua escolha para o posto. Ela prometeu construir um país melhor e fazer do Brexit um "sucesso".

Vida e trajetória política

Assim como Thatcher, Theresa May vem de uma família de classe média-baixa.

Filha de um vigário, nasceu em Sussex (sul da Inglaterra) e foi criada em Oxfordshire, no sudeste do país. Suas duas avós trabalharam como domésticas.

Após frequentar escolas públicas, estudou Geografia na universidade, onde conheceu seu marido Philip, com quem é casada até hoje. Os dois não têm filhos.

Antes de iniciar sua vida política, trabalhou no Banco da Inglaterra.

May foi grande apoiadora de Cameron e há anos está na lista de possíveis líderes dos Conservadores
May foi grande apoiadora de Cameron e há anos está na lista de possíveis líderes dos Conservadores
Foto: Getty Images

Eleita ao Parlamento pela primeira vez em 1997, a futura premiê é foi primeira mulher a assumir a presidência do Partido Conservador, em 2002.

Hoje, prestes a completar 60 anos, é uma das pessoas que permaneceu por mais tempo à frente do Ministério do Interior - ocupa o posto desde 2010.

May figura há anos na lista de possíveis líderes do partido. Desde que Cameron anunciou sua renúncia, ela manteve uma clara vantagem na disputa pelo cargo - na primeira etapa da corrida, ganhou 165 votos, mais do que todos os seus adversários juntos.

A ministra é considerada uma das figuras mais fortes da política britânica.

Durante 17 anos, foi uma das poucas mulheres nos altos escalões dos Conservadores - e ficou conhecida por dizer algumas duras verdades sobre seus colegas.

"Você sabe do que as pessoas nos chamam: 'o partido sórdido'", afirmou a ativistas em 2002, durante uma conferência de 2002.

May tem sido elogiada por seu trabalho como ministra. Sua força atingiu novos patamares em 2013, quando conseguiu o que muitos outros antes dela falharam ao tentar: deportar o clérigo radical Abu Qatada.

Apesar disso, seu apelo com o grande público ainda não foi testado, e ela também recebe críticas pelo fracasso do governo britânico ao não cumprir a promessa de manter o número de imigrantes que entram no país abaixo de 100 mil por ano.

A ministra ainda foi criticada por propor que o Reino Unido deixe de fazer parte da Convenção Europeia dos Direitos Humanos. No entanto, disse que desistiria da ideia caso se tornasse primeira-ministra, sob o argumento de que não há maioria parlamentar para aprovar a medida.

Apesar de ter apoiado a permanência do Reino Unido na UE, May disse que vai respeitar o resultado do plebiscito
Apesar de ter apoiado a permanência do Reino Unido na UE, May disse que vai respeitar o resultado do plebiscito
Foto: Getty Images

Brexit

Apesar de ter apoiado a permanência do Reino Unido na União Europeia, May disse que o resultado do plebiscito deve ser respeitado.

"Brexit significa Brexit. A campanha foi travada, a votação foi realizada, a participação foi alta e o público deu o seu veredito. Não deve haver tentativas para permanecer dentro da UE, nem tentativas de reintegrá-la pela porta dos fundos ou um segundo plebiscito."

Embora venha disparando falas contundentes sobre o tema nos dias atuais, a ministra manteve um posicionamento discreto durante a campanha, o que amplia sua capacidade de diálogo com os parlamentares pró-saída da UE.

O início do processo formal de retirada depende da ativação da Cláusula 50 do Tratado de Lisboa, que desde 2009 funciona como uma espécie de Constituição Europeia. Uma vez que o dispositivo é acionado, um país só pode voltar ao bloco com o aval unânime dos outros membros.

O processo, porém, não é automático - tem de ser negociado com os integrantes. Essa negociação tem prazo máximo de dois anos e o Parlamento Europeu tem poder de veto sobre qualquer novo acordo formalizando o relacionamento entre o Reino Unido e a União Europeia.

Além de ter maior margem de manobra para dialogar com parlamentares, May disse que não ativaria o Artigo 50 antes do fim de 2016, dando tempo para o Reino Unido concluir sua posição de negociação.

A futura primeira-ministra também descartou uma eleição geral antes de 2020 ou um orçamento de emergência para o Brexit.

Theresa May fala em conferência do Partido Conservador em 2003
Theresa May fala em conferência do Partido Conservador em 2003
Foto: Getty Images

Imigração

Ao falar de seus objetivos nas negociações para saída da UE, May disse que "deve ser uma prioridade permitir que as empresas britânicas façam comércio dentro de um mercado único de bens e serviços, mas também recuperar um maior controle sobre o número de pessoas que estão chegando aqui vindas da Europa."

Segundo a ministra, o status dos cidadãos europeus morando no Reino Unido faria parte de futuras negociações, negando-se a garantir que eles poderão ficar.

Apesar da importância do Brexit em sua futura gestão, ela também prometeu um programa radical de reforma social, a fim de promover mobilidade social e dar mais oportunidades aos desfavorecidos.

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