Novo premiê do Peru promete estabilidade; tumulto político ameaça recuperação
O novo gabinete do Peru começou a tomar forma nesta quarta-feira, quando o advogado e político de longa data Ántero Flores-Aráoz disse que concordou em ser o novo primeiro-ministro do país andino e prometeu um curso firme em meio ao tumulto político recente.
Flores-Aráoz disse em uma entrevista a uma rádio que aceitou o papel depois que o impeachment polêmico do presidente de centro Martín Vizcarra, na segunda-feira, fez o segundo maior produtor de cobre de mundo, que já se saía mal na seara econômica na região antes da pandemia, mergulhar no caos.
O chefe do Congresso, Manuel Merino, que comandou duas iniciativas de impeachment de Vizcarra em meses recentes, tomou posse na terça-feira, e há dúvidas sobre como um governo interino conduzirá o país antes das eleições programadas para abril.
"Temos uma crise econômica muito forte, um desemprego galopante, mais a crise de saúde, não é a melhor hora para fazer experimentos", disse Flores-Aráoz à rádio RPP.
Alguns analistas temem que Merino permita que o Congresso dê uma guinada populista em meio ao impacto doloroso da pandemia de coronavírus no momento em que o Peru ruma para sua pior retração econômica em um século.
"Estes acontecimentos criam incerteza, o que pode erodir a confiança dos investidores e reduzir a capacidade de implantar reformas", disse a agência de avaliação de risco S&P, mas acrescentando que a nota do país assolado por crises frequentes não foi afetada por ora.
"Uma mudança negativa inesperada em políticas macroeconômicas que prejudique o histórico de formulação de políticas previsível do Peru seria negativo para a nota."
Em um relatório publicado nesta quarta-feira, a Fitch Ratings disse que o Congresso peruano fragmentado tornou a instabilidade do gabinete e o risco de impeachment "a nova norma política", o que pode debilitar os planos de redução do déficit e a recuperação pós-pandêmica.
"Desafios persistentes à governabilidade e percepções de instituições enfraquecidas também podem enfraquecer a recuperação econômica em 2021", acrescentou a Fitch.
Flores-Aráoz, que foi parlamentar durante muitos anos e também ministro da Defesa, disse que espera uma "transição ordeira" e prometeu eleições transparentes em 11 de abril.
A saída do popular Vizcarra, que teve atritos com o Congresso durante muito tempo devido à sua cruzada anticorrupção, levou centenas de pessoas às ruas para protestar, e houve choques com a polícia.