Novo protesto em Washington evoca histórico discurso de Martin Luther King Jr.
Milhares de pessoas participaram de um protesto contra o racismo em Washington, nesta sexta-feira, no aniversário da passeata de 1963, quando o líder dos direitos civis Martin Luther King Jr. fez seu histórico discurso "Eu Tenho um Sonho".
"Você pode matar o sonhador, mas não pode matar o sonho", disse à multidão o reverendo Al Sharpton, um líder dos direitos civis nos Estados Unidos.
Ativistas e políticos fizeram discursos, incluindo a candidata democrata à vice-presidência dos EUA, Kamala Harris, que apareceu em um vídeo gravado. Muitos se referiram ao parlamentar norte-americano John Lewis, um herói dos direitos civis que falou no protesto de 1963 e morreu em julho.
Eles enfatizaram a importância da votação na eleição de novembro e as ligações entre o ativismo pelos direitos civis dos negros, direitos das pessoas com deficiência e direitos LGBT, além da violência armada, entre outras causas.
"De muitas maneiras, estamos juntos hoje na sombra simbólica da história, mas estamos fazendo história juntos agora", afirmou Martin Luther King III, filho de Martin Luther King Jr.
A passeata de 800 metros do Lincoln Memorial ao Martin Luther King Memorial, em um dia quente e úmido na capital dos Estados Unidos, ocorre em meio a um período de agitação racial marcado por dois incidentes de grande repercussão de violência policial contra homens negros.
Os protestos em todo o país começaram em maio, provocados pelo assassinato de George Floyd, que morreu depois que um policial de Mineápolis se ajoelhou em seu pescoço por quase nove minutos.
Esta semana, protestos estouraram em Kenosha, no Estado de Wisconsin, após policiais atirarem em Jacob Blake por várias vezes na frente de seus filhos. Embora Blake tenha sobrevivido, os advogados disseram que ele está paralítico.
"Não seremos seus dóceis escravos. Não seremos um apoio para a opressão", disse Letetra Widman, irmã de Blake.
O irmão de George Floyd, Philonise Floyd, também apareceu no palco. Por vezes, parava para se recompor, aparentemente dominado pela emoção.
"Gostaria que George estivesse aqui para ver isso", afirmou.
Allisa Findley, irmã de Botham Jean, um afro-americano morto em Dallas por um policial fora do horário de serviço, disse: "Estou cansada de adicionar novos nomes, adicionar novas hashtags a uma lista já longa de vítimas do terror policial. Não podemos permitir que nossos irmãos e irmãs sejam lembrados apenas pelo modo como morreram".
James Jarell, um empresário de Delaware, afirmou que as recentes demonstrações de apoio de empresas e atletas profissionais não são suficientes. "Para as pessoas que vivem com o terror de serem baleadas pela polícia todos os dias, isso é muito pouco, tarde demais", disse.