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O escândalo de corrupção que derrubou premiê espanhol e deixou poder na mão dos socialistas

Mariano Rajoy é 1º chefe de governo da história da Espanha a perder o cargo em moção de censura, votada nesta sexta; seu partido está no centro de megainvestigação de esquema de corrupção envolvendo políticos e empresários.

1 jun 2018 - 11h02
(atualizado às 11h21)
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Mariano Rajoy é o primeiro chefe de governo da história da Espanha a perder o cargo após uma moção de censura.

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Em votação na manhã desta sexta-feira, no Parlamento, 180 deputados foram a favor de sua saída e 169 contra(houve uma abstenção). Eram necessários 176 votos (um voto a mais da metade dos 350 deputados).

"Foi uma honra ser presidente do país e deixar uma Espanha melhor que encontrei", disse Rajoy, que estava no cargo desde 2011.

A moção de censura contra Rajoy foi apresentada pelo líder oposicionista Pedro Sánchez, que agora assume o cargo de premiê espanhol. A oposição pressionava pela saída do premiê por causa do escândalo de corrupção envolvendo o partido do agora ex-premiê, o conservador Partido Popular (PP).

O escândalo ficou conhecido como a "trama Gürtel" e é classificado com um dos maiores casos de corrupção na Espanha. A trama começou a ser desvendada a partir de 2009 por uma megainvestigação, dividida em vários processos, de uma rede de corrupção envolvendo políticos e empresários.

Apontado como organizador do esquema, o empresário Francisco Correa deu nome ao caso. Traduzido para o alemão, "correa" (ou cinto, em português) é "Gürtel".

Na semana passada, o ex-tesoureiro do PP Luis Bárcenas foi condenado a 33 anos de prisão por lavagem de dinheiro, evasão fiscal e corrupção passiva.

Bárcenas é um ex-senador que cuidou das contas do partido entre 1990 e 2009. Também é uma das 29 pessoas, entre políticos e empresários, condenadas por pagar e receber propinas referentes a contratos municipais.

O partido de Rajoy foi condenado - como organização - a pagar uma multa de 245 mil euros por ter lucrado com o esquema. A principal suspeita é que o partido usou caixa 2 no período de 1999 e 2005.

Há ainda a suspeita de que Rajoy tenha sido beneficiado por contas secretas operadas pelo PP. O nome dele aparece em documentos publicados pelo jornal espanhol El Pais ao lado de números. Ele nega.

Desde que as suspeitas de financiamento ilegal passaram a pesar também sobre Rajoy, o Partido Socialista começou a pressioná-lo para renunciar ao cargo. Além de pedir explicações públicas, os socialistas apresentaram uma moção de censura contra o premiê.

A moção de censura (ou de desconfiança) é um instrumento usado na maioria dos países que adotam o sistema parlamentarista. Ela permite que partidos de oposição questionem a capacidade do chefe de governo de continuar no comando do país.

A moção de censura foi apresentada pelo Partido Socialista Obrero Espanhol (PSOE), que tinha indicado seu dirigente, Pedro Sánchez, de 46 anos, para ser o eventual substituto de Rajoy. Com o resultado, ele assume o cargo de premiê da Espanha.

Sánchez também entra para a história por ser o primeiro a assumir o cargo sem ser deputado.

Ele começa a montar o governo na próxima semana, mas prometeu convocar novas eleições - ainda sem data marcada. Sánchez contou com os votos da coalizão de esquerda Unidos Podemos, e ainda de nacionalistas catalães e bascos para derrotar Rajoy.

Sánchez, é um economista, ex-jogador de basquete, que perdeu duas eleições. Ele ganhou força no partido ao prometer unir os socialistas e levá-lo de volta ao poder. "Vamos assinar uma nova página na história da democracia do nosso país", declarou Sánchez após a votação da moção de censura, nesta sexta, no Parlamento espanhol.

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