Grupo extremista é mais mortífero que o Estado Islâmico
Conhecido pela brutalidade das suas ações, o grupo autodenominado "Estado Islâmico" vem dominando o noticiário global desde que assumiu a autoria dos ataques em Paris, há menos de 15 dias.
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Os atentados na capital francesa deixaram pelo menos 130 mortos e mais de 350 feridos.
Naquela mesma semana, o "EI", que controla grande parte da Síria e do Iraque, também realizou dois ataques com homens bomba em uma área residencial de Beirute, no Líbano, matando mais de 40 pessoas e ferindo outras 180.
Apesar disso, o grupo extremista islâmico não foi o mais letal do mundo, segundo um novo estudo publicado pelo Institute for Economics and Peace, um centro de pesquisa com sede em Sydney, na Austrália.
Ao redor do mundo, cerca de 530 grupos foram classificados como organizações terroristas por governos. Só no ano passado, de acordo com o estudo, surgiram 33 grupos radicais.
Segundo o Índice de Terrorismo Global 2015, o grupo mais violento é o Boko Haram, organização jihadista que atua na Nigéria, Camarões e Chade.
Boko Haram
O índice, baseado em dados de ataques de grupos extremistas, assinala que o Boko Haram matou 6.444 pessoas em 2014. O levantamento é feito todos os anos desde 1970.
Já as ações do 'Estado Islâmico' foram menos letais, causando a morte de 6.073 pessoas.
Em 2009, Boko Haram declarou uma "guerra santa" contra o governo nigeriano e desde então tem realizado uma campanha de violência no país africano e em seus vizinhos.
No ano passado, o grupo extremista africano realizou 453 ataques, o que levou a um aumento de 300% em mortes por essa causa em relação a 2013.
Devido à brutalidade do Boko Haram, a Nigéria é, depois do Iraque, o país com o maior número de mortes causadas por ataques extremistas, de acordo com o levantamento.
'EI' e Talebã
O 'Estado Islâmico' aparece em segundo lugar na lista. Nos últimos dois anos, o grupo vem registrando forte expansão em suas fileiras com a adesão de combatentes estrangeiros no Iraque e na Síria.
A estimativa do levantamento é de que, desde 2011, entre 25 mil a 30 mil combatentes de cerca de 100 países aderiram ao "EI".
"O fluxo de combatentes estrangeiros ainda é alto e estima-se que mais de 7 mil chegaram no primeiro semestre de 2015. Uma evidência de que ainda há forte interesse por esse grupo extremista", assinala o estudo.
No ano passado, o "EI" realizou dois dos ataques mais letais do ano: em junho, matou 670 prisioneiros xiitas (o grupo é sunita, outra corrente do Islã) em Badush, no Iraque.
Em agosto, matou cerca de 500 pessoas do grupo étnico Yazidi em Sinjar, também no Iraque.
Na terceira posição entre os grupos mais violentos está o Talebã, criado em 1994 e formado por integrantes das tribos pashtunes e outros combatentes.
O Talebã atua no Afeganistão e no Paquistão apesar de ter sido derrotado após a invasão do país pelos Estados Unidos em 2011.
Em 2014, o grupo extremista realizou 891 ataques, resultando em 3.477 mortes.
Pouco conhecido
O quarto grupo extremista mais mortal é desconhecido da grande maioria do público: os militantes Fulani da República Centro-Africana e Nigéria.
"Os Fulani ou Fula, vêm de um grupo pastoral semi-nômade envolvido em um conflito com comunidades agrícolas. Os Fulas vivem em pelo menos sete países da África Ocidental e são uma tribo de mais de 20 milhões de pessoas", aponta o levantamento.
Segundo o estudo, a insurgência dos Fulani aumentou ao passo que as atividades do Boko Haram também se expandiram.
De 2010 a 2013, os Fulani mataram 80 pessoas em ataques. Em 2014, 1.229 foram mortas em 154 ataques.
Os Fulani foram responsáveis por um dos ataques mais mortais de 2014. Em abril deste ano, extremistas abriram fogo contra um encontro de moradores e líderes comunitários na cidade de Galadima, na Nigéria, matando 200 pessoas.
O quinto grupo mais letal do mundo é o Al-Shabab, que atua na Somália, Quênia, Etiópia e Djibuti. Foram 1.021 mortas em 2014.
Novos movimentos
Outros grupos também pouco conhecidos estiveram por trás de dois dos ataques mais mortais em 2014, segundo o levantamento.
Em abril do ano passado, o Movimento para a Libertação do Povo do Sudão atacou uma mesquita que estava sendo usado como um refúgio para civis na cidade de Bentiu, no Sudão do Sul, matando 287 pessoas.
E em dezembro, os membros do Tehrik-i-Taliban (o Talebã do Paquistão) detonou um veículo carregado de explosivos em uma escola em Peshawar, no Paquistão, matando 157 pessoas, a maioria estudantes.
Apesar de Al-Qaeda ter encolhido desde a morte de Osama Bin Laden em 2007, surgiram vários grupos afiliados à organização, tanto na África quanto no Oriente Médio, incluindo:
Al-Qaeda no Maghreb Islâmico
Al-Qaeda na Península Arábica
Al-Qaeda na Somália
Há também outros grupos desmembrados da Al-Qaeda que agora se uniram ao Estado Islâmico e seguem a mesma estratégia de violência, tais como:
Gama'a al-Islamiyya (Egito)
Brigada de Mulathameen (Argélia)
Ansar Dine (Mali)
Al Mourabitoun (Mali, Argélia)
Movimento Islâmico do Uzbequistão (Afeganistão, Uzbequistão)
Lashkar-e-Jhangvi "Exército de Jhangvi" (Paquistão)
Lashkar-e-Taiba "Exército do bem" (Paquistão)
Ansar al-Sharia (Líbia)
No total, no ano passado, 32.658 pessoas, a maioria civis, morreram em ataques extremistas em 67 países.
O levantamento estima que o saldo de mortos neste ano seja ainda mais alto, especialmente depois dos ataques em Beirute e em Paris.