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O que é o Grupo de Puebla, que reúne novo presidente da Argentina, Dilma e servirá de palanque para Lula na América Latina

Segunda reunião do grupo acontece neste fim de semana em Buenos Aires; 32 líderes de 12 países são aguardados, incluindo ex-presidentes como José Mujica (Uruguai), Rafael Correa (Equador), Fernando Lugo (Paraguai) e Dilma Rousseff (Brasil).

9 nov 2019 - 13h29
(atualizado às 14h00)
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Mujica y Fernández, dos de los presentes en la reunión de este fin de semana.
Mujica y Fernández, dos de los presentes en la reunión de este fin de semana.
Foto: AFP / BBC News Brasil

Alberto Fernández ainda não foi empossado como presidente da Argentina, mas já é o líder da esquerda latino-americana: neste fim de semana, ele é o anfitrião em Buenos Aires da segunda reunião do Grupo de Puebla.

Em meio à libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a capital argentina aguarda a visita de 32 líderes de 12 países, incluindo ex-presidentes como José Mujica (Uruguai), Rafael Correa (Equador), Fernando Lugo (Paraguai) e Dilma Rousseff (Brasil).

Em sua conta oficial no Twitter, o petista publicou uma foto de alguns deles em um restaurante em Buenos Aires com a hashtag "#LULALIBRE".

A ocasião reúne alguns dos protagonistas da chamada Maré Rosa, a virada para a esquerda que a América Latina viveu no início deste século e praticamente desapareceu na última década com a chegada ao poder de representantes da direita - ou da extrema-direita - em vários países.

Representando os atuais governos de esquerda, está prevista a presença do vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, cujo país está passando por uma grave crise política após as eleições de 20 de outubro.

Parte da população boliviana acusa o atual mandatário do país, Evo Morales, eleito para seu quarto mandato, de fraudar o pleito.

O restante do "eixo bolivariano" não estará representado, pois não está prevista a chegada de nenhum representante dos governos de Cuba, Nicarágua ou Venezuela.

E nem Andrés Manuel López Obrador, presidente do México, com quem Alberto Fernández se reuniu nesta semana.

A ausência de López Obrador pode ser explicada como uma questão de princípio: para o líder mexicano, a não intervenção é uma regra de ouro (inspirada na "Doutrina Estrada") que leva a ferro e fogo.

América Latina passou por virada à esquerda no início do século
América Latina passou por virada à esquerda no início do século
Foto: AFP / BBC News Brasil

A Doutrina Estrada faz alusão ao Genaro Estrada, ex-secretário dos Negócios, e foi o pilar central da política externa do México entre 1930 e 2000.

De acordo com sua declaração inaugural, o Grupo Puebla se apresenta ao mundo como um contrapeso aos governos de direita que dominam o cenário político da América Latina.

"Nossa região experimenta uma nova onda de governos neoliberais que insistem em promover os interesses e privilégios de uma elite socioeconômica às custas do desenvolvimento de nossos povos, frustrando suas possibilidades de desenvolvimento e bem-estar social, enquanto enfraquecem nossa soberania, nossas instituições democráticas. , o estado de direito, a validade dos direitos humanos e do meio ambiente ", diz a declaração.

Em uma região imersa em protestos e crises políticas, o surgimento do Grupo Puebla contrasta com o Grupo Lima, criado em 2017 com apenas um objetivo: enfrentar o governo venezuelano de Nicolás Maduro.

Mas o Grupo Lima é um instrumento oficial composto por governos, enquanto o de Puebla reúne líderes e movimentos políticos, principalmente de oposição, e não de instituições estatais.

Além disso, o Grupo Puebla se destaca do Fórum de São Paulo, instância criada nos anos 90 por partidos e movimentos sociais da região que, há apenas uma semana, se reuniu em Caracas com a presença de Maduro e Miguel Díaz-Canel, presidente de Cuba.

Mais um grupo?

"A América Latina foi povoada por grupos informais", explica o argentino Juan Gabriel Tokatlián, especialista em relações internacionais e vice-reitor da Universidade Torcuato Di Tella, em Buenos Aires.

Apesar de López-Obrador ter se reunido com Fernández, mandatário mexicana mostra cautela com suas alianças
Apesar de López-Obrador ter se reunido com Fernández, mandatário mexicana mostra cautela com suas alianças
Foto: AFP / BBC News Brasil

"Alguns foram formados por estados para negociar, como o Grupo Contadora durante as crises na América Central nos anos 80, e outros para restringir, como o Grupo Lima, que buscava isolar a Venezuela", lembra Tokatlián.

"Por outro lado, existem grupos de não-Estados, como o Fórum de São Paulo, que nasceu com a ideia de unificar a sociedade civil, e o Grupo Puebla, que convoca figuras políticas, ex-presidentes e presidentes eleitos, que antes do crise do neoliberalismo, busca um novo momento progressista".

Na opinião de Marta Lagos, diretora do centro de estudos Latinobarometer, em Santiago, no Chile, esses grupos surgem "na ausência de uma verdadeira liderança".

"Hoje, as pessoas não votam na direita ou na esquerda, mas naquelas que propõem soluções para seus problemas", diz a cientista política.

"Nesse sentido, acho que é um exercício nostálgico criar grupos ideológicos usando mecanismos que não funcionavam no passado, com os mesmos personagens de sempre", acrescenta.

"A esquerda que não sabia como resolver as desigualdades agora surge como uma solução para a crise do neoliberalismo. No final, o que vemos é que esses grupos servem apenas para emitir comunicados e para que esses representantes se reúnam uns com os outros", conclui.

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