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Mundo

O que é o Hezbollah, que está em conflito com Israel?

Grupo diz possuir 100 mil combatentes, mas avaliações independentes estimam que o número verdadeiro varia entre 20 mil e 50 mil.

29 jul 2024 - 10h24
(atualizado em 26/8/2024 às 06h01)
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Sheikh Hassan Nasrallah é um clérigo xiita que comanda o Hezbollah desde 1992
Sheikh Hassan Nasrallah é um clérigo xiita que comanda o Hezbollah desde 1992
Foto: Reuters / BBC News Brasil

As forças armadas de Israel afirmam terem atacado milhares de lançadores de foguetes do Hezbollah no sul do Líbano no domingo, depois de identificar que o grupo libanês estava prestes a atacar Israel.

Após esse ataque, o Hezbollah diz ter lançado centenas de foguetes e drones contra Israel, em resposta ao assassinato de um de seus principais líderes no mês passado. O grupo disse que o ataque israelense não foi suficiente para deter seu plano.

A tensão segue crescendo entre Israel e o Hezbollah após dez meses de trocas quase diárias de fogo na fronteira do Líbano. Há temores de que essa escalada de tensão leve a uma guerra aberta.

O que é o Hezbollah?

O Hezbollah é uma organização muçulmana xiita com grande influência política e maior poderio armado dentro do Líbano.

O grupo foi estabelecido no começo dos anos 1980 pela potência regional xiita mais forte da região, o Irã, com o objetivo de fazer oposição a Israel. Na época, as forças israelenses haviam ocupado o sul do Líbano durante a guerra civil do país.

O Hezbollah participa de eleições nacionais desde 1992 e se tornou uma das grandes forças políticas do país.

Seu braço armado realizou diversos ataques mortais contra forças israelenses e americanas no Líbano. Quando Israel deixou o Líbano em 2000, o Hezbollah reivindicou para si a responsabilidade.

Desde então, o Hezbollah vem mantendo milhares de combatentes e um grande arsenal de mísseis no sul do Líbano. O grupo segue combatendo a presença de Israel em zonas de fronteiras contestadas.

Países ocidentais, Israel, países do Golfo e da Liga Árabe classificam o Hezbollah como uma organização terrorista.

Em 2006, Hezbollah e Israel entraram abertamente em guerra, depois que o grupo realizou um ataque com mortes do outro lado da sua fronteira.

Tropas israelenses invadiram o sul do Líbano para tentar eliminar a ameaça do Hezbollah. No entanto, o grupo sobreviveu e desde então aumentou o número de combatentes e modernizou seu arsenal.

Quem é o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah?

Sheikh Hassan Nasrallah é um clérigo xiita que lidera o Hezbollah desde 1992. Ele teve papel fundamental em transformar o grupo em uma força política e militar.

Ele possui laços estreitos com o Irã e seu líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei.

A relação começou em 1981, quando o primeiro líder supremo do Irã, o aiatolá Ruhollah Khomeini, o indicou como seu representante pessoal no Líbano.

Nasrallah não aparece em público há anos, supostamente por temor de ser assassinado por Israel.

Mas ele segue sendo reverenciado pelo Hezbollah, e profere discursos na televisão todas as semanas.

Civis libaneses disseram que suas casas foram atacadas por Israel, que estava respondendo a foguetes do Hezbollah
Civis libaneses disseram que suas casas foram atacadas por Israel, que estava respondendo a foguetes do Hezbollah
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Quão poderosas são as forças do Hezbollah?

O Hezbollah é um dos grupos militarizados não-estatais mais armados do mundo. Ele é fundado e financiado pelo Irã.

Nasrallah diz possuir 100 mil combatentes, mas avaliações independentes estimam que o número verdadeiro varia entre 20 mil e 50 mil.

Muitos são combatentes bem-treinados e com experiência de lutar na guerra civil da Síria.

Estima-se que o Hezbollah tenha algo entre 120 mil e 200 mil foguetes e mísseis, de acordo com a organização Center for Strategic and International Studies.

A maior parte do arsenal é composta por foguetes de artilharia pequenos, não-guiados e de superfície.

Acredita-se que o grupo possui mísseis anti-aviões e antinavios, além de mísseis capazes de atacar no interior do Israel, longe da fronteira.

Esse arsenal é muito mais sofisticado do que o que o Hamas possuiria na Faixa de Gaza.

O Hezbollah pode entrar em guerra com Israel?

Combates esporádicos foram registrados no dia 8 de outubro — um dia após o ataque sem precedentes do Hamas contra Israel — quando o Hezbollah disparou contra posições israelenses em solidariedade com os palestinos.

Desde então, o grupo disparou foguetes contra o norte de Israel e posições israelenses nas Colinas de Golã, disparou mísseis antitanque contra veículos blindados e atacou alvos militares com drones explosivos.

As Forças de Defesa de Israel retaliaram com ataques aéreos, e fogo de artilharia e tanques contra posições do Hezbollah no Líbano.

O ministério da Saúde do Líbano afirma que mais de 560 pessoas foram mortas nos últimos dez meses. A maioria deles eram combatentes do Hezbollah, mas 133 eram civis, segundo o governo libanês.

Em Israel, autoridades afirmam que pelo menos 26 civis e 23 soldados foram mortos.

Cerca de 200 mil pessoas tiveram de deixar suas casas nos dois lados da fronteira.

Apesar dos combates, observadores afirmam que até agora ambos os lados têm trabalhado para conter hostilidades, evitando que a tensão vire uma guerra total. Mas há temores que o mais recente incidente com mortes possa sair do controle.

Os temores aumentaram em 27 de julho, quando um ataque matou 12 crianças nas Colinas de Golã, região ocupada por Israel. Os israelenses acusaram o Hezbollah pelo ataque, mas o grupo libanês negou envolvimento.

Em 30 de julho, as forças israelenses anunciaram terem matado o comandante do Hezbollah Fuad Shukr em um ataque aéreo nos subúrbios do sul de Beirute.

No dia seguinte, o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, foi morto em Teerã. Israel não confirmou nem negou envolvimento na sua morte.

Desde então, a região esperava algum tipo de resposta militar do Hezbollah e do Irã, que prometeram reagir contra Israel.

Os EUA vêm tentando diminuir as tensões na região com negociações de cessar-fogo e troca de reféns em Gaza. Mas o Hezbollah disse que só vai interromper as hostilidades quando a guerra em Gaza acabar.

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