O que se sabe sobre ataque que matou 15 policiais e vários civis no sul da Rússia
Os ataques a postos policiais, igrejas e uma sinagoga na república russa do Daguestão, no norte do Cáucaso, deixaram policiais e civis mortos.
Ataques a postos policiais, igrejas e uma sinagoga na república russa do Daguestão, no norte do Cáucaso, deixaram vários mortos, incluindo 15 policiais, além de homens armados e civis.
Pelo menos 16 pessoas foram levadas a hospitais com ferimentos.
Após os ataques, foram declarados três dias de luto no Daguestão, uma república predominantemente muçulmana no sul da Rússia, vizinha da Chechênia.
Os ataques aparentemente coordenados tiveram como alvo as cidades de Derbent e Makhachkala, durante o festival ortodoxo de Pentecostes. Um padre ortodoxo está entre os mortos.
Ele foi identificado pelo chefe da República do Daguestão, Sergei Melikov, como padre Nikolai Kotelnikov, que serviu em Derbent por mais de 40 anos.
Imagens publicadas nas redes sociais mostraram pessoas vestindo roupas escuras atirando contra carros da polícia, antes que veículos do serviço de emergência chegassem ao local.
Em Derbent - lar de uma antiga comunidade judaica - homens armados atacaram uma sinagoga e uma igreja, que foram então incendiadas.
No passado, o Daguestão foi palco de ataques islâmicos.
Embora os agressores não tenham sido oficialmente identificados, os meios de comunicação russos divulgaram amplamente que entre os homens armados estavam Osman e Adil, filhos do chefe do distrito de Sergokalinsky, perto de Makhachkala, Magomed Omarov.
Omarov foi detido pela polícia.
Em um vídeo publicado no Telegram, o presidente do Daguestão, Sergei Melikov, deu a entender que a Ucrânia estaria envolvida no ataque e que o Daguestão estava agora diretamente envolvido na guerra da Rússia na Ucrânia.
"Entendemos quem está por trás da organização dos ataques terroristas e qual o objetivo que perseguiram", disse ele.
O chefe do comitê de assuntos internacionais da Duma Russa (a câmara baixa do legislativo russo), Leonid Slutsky, apresentou afirmações semelhantes. Disse que os ataques no Daguestão e um ataque com mísseis que matou quatro pessoas em Sebastopol ocupada pela Rússia no domingo "não poderiam ser uma coincidência".
"Estes acontecimentos trágicos, tenho certeza, foram orquestrados a partir do exterior e têm como objetivo semear o pânico e dividir o povo russo", disse Slutsky.
Mas um importante nacionalista russo na Ucrânia ocupada, Dmitry Rogozin, alertou que se todos os ataques fossem atribuídos às "maquinações da Ucrânia e da Otan", isso levaria a "grandes problemas".
Um ataque em Crocus, na região de Moscou, em março, que deixou 147 mortos, foi atribuído pelas autoridades russas à Ucrânia e ao Ocidente, embora o Estado Islâmico o tenha reivindicado.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ofereceu suas condolências àqueles que perderam entes queridos nos ataques à Crimeia e ao Daguestão.
Agências de notícias russas informaram na manhã de segunda-feira (24/6) que a operação antiterrorista lançada após os ataques havia chegado ao fim.
Entre 2007 e 2017, uma organização jihadista chamada Emirado do Cáucaso organizou ataques na área, além de mirar as repúblicas russas vizinhas da Chechênia, Inguchêtia e Kabardino-Balkaria.
À época do ataque em Crocus, o presidente Vladimir Putin insistiu que "a Rússia não poderia ser alvo de ataques terroristas perpetrados por fundamentalistas islâmicos" porque "demonstra um exemplo único de harmonia inter-religiosa e de unidade interétnica".
No entanto, há três meses, o serviço de segurança interna da Rússia, o FSB, informou que tinha frustrado uma conspiração do Estado Islâmico para atacar uma sinagoga em Moscou.