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Caixa-preta é encontrada; o que se sabe sobre acidente fatal entre helicóptero e avião da American Airlines

Um avião com 64 pessoas caiu em um rio em Washington após colidir no ar com um helicóptero militar, que levava três soldados.

30 jan 2025 - 05h15
(atualizado em 31/1/2025 às 00h08)
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Equipes de resgate trabalham após choque entre helicóptero e avião em Washington
Equipes de resgate trabalham após choque entre helicóptero e avião em Washington
Foto: Gett Images / BBC News Brasil

As autoridades americanas afirmaram que provavelmente nenhuma pessoa sobreviveu a uma colisão no ar entre um voo da American Airlines e um helicóptero militar na noite de quarta-feira (29/01) em Washington DC, nos Estados Unidos.

O avião, que vinha de Wichita, no Kansas, transportava 60 passageiros e quatro tripulantes. Já o helicóptero era ocupado por três soldados.

A colisão aconteceu perto do Aeroporto Nacional Ronald Reagan de Washington por volta das 21h de quarta-feira, no horário local (às 23h de Brasília).

O Pentágono disse que o helicóptero envolvido era um Sikorsky H-60 Black Hawk que decolou de Fort Belvoir, na Virgínia.

O chefe de mídia da Joint Task Force-National Capital Region, unidade que faz parte do Exército dos EUA, disse à CBS News (parceira da BBC nos EUA) que o helicóptero militar estava em voo de treinamento.

Na noite desta quinta-feira (30/01), equipes de resgate conseguiram recuperar as caixas-pretas do avião da American Airlines.

O Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB) dos EUA afirmou estar investigando vários fatores que podem explicar a causa do acidente. Um relatório preliminar deve ser divulgado em 30 dias.

O FBI (serviço de inteligência dos EUA) divulgou que está auxiliando nas investigações.

Normalmente, duas pessoas gerenciam o controle do tráfego aéreo na região, que é um dos espaços aéreos mais controlados do mundo.

Entretanto, apenas uma pessoa estava de serviço no aeroporto Ronald Reagan no momento do acidente, de acordo com fontes citadas pela CBS News.

John Donnelly, chefe do Departamento de Bombeiros e Serviços de Emergências de Washington, confirmou que o trabalho das equipes não é mais uma operação de resgate — e sim uma operação para recuperar os corpos das vítimas.

Até o momento, pelo menos 27 corpos foram recuperados do avião e um do helicóptero.

O avião se partiu em vários pedaços e agora submergido, numa profundidade entre 152 e 243 cm, de acordo com as autoridades.

O helicóptero ficou de cabeça para baixo, mas parecia estar quase intacto, segundo porta-vozes.

As duas aeronaves caíram no rio Potomac.

A Associação Americana de Patinação Artística confirmou que "vários membros da comunidade da patinação" estavam a bordo do avião.

Sem provas, Trump culpa controladores de tráfego aéreo

'O helicóptero estava no lugar errado na hora errada, e uma tragédia ocorreu', disse Trump, durante coletiva de imprensa na Casa Branca
'O helicóptero estava no lugar errado na hora errada, e uma tragédia ocorreu', disse Trump, durante coletiva de imprensa na Casa Branca
Foto: EPA-EFE/REX/Shutterstock / BBC News Brasil

Em uma coletiva de imprensa na Casa Branca nesta quinta-feira (30/1), o presidente americano Donald Trump disse que uma investigação está em andamento, em estágio inicial.

Ele afirmou ter "opiniões fortes" sobre o acidente e o que pode tê-lo causado.

Trump culpou seus antecessores no governo Joe Biden, particularmente o ex-secretário de Transportes Pete Buttigieg, por supostamente contratar pessoas com deficiências e problemas psicológicos para cargos de controlador de tráfego aéreo — embora ele não tenha dado detalhes e até agora não exista nenhuma evidência de que esse foi o caso.

Ele confirmou que cidadãos russos estavam a bordo do voo, bem como pessoas de outras nacionalidades — embora não tenha especificado os outros países.

A aeronave da American Airlines envolvida no acidente estava "fazendo tudo certo", Trump acrescentou.

Ele sugeriu que o helicóptero, por outro lado, tinha um "problema de piloto" e especulou que ele fez uma curva que "não estava correta".

O presidente também afirmou desejar encontrar as famílias das vítimas.

Atletas da patinação estavam no voo

Uma fonte afirmou à agência Reuters que cerca de 15 pessoas no avião tinham envolvimento com a patinação artística — entre atletas, seus familiares e treinadores.

Um clube de Boston, o Figure Skating Club of Boston, identificou seis pessoas que estariam entre as vítimas: os adolescentes Spencer Lane e Jinna Han, suas mães Christine Lane e Jin Han, e seus treinadores russos Yevgenia Shishkova e Vadim Naumov — os quais já foram campeões mundiais de patinação.

Inna Volyanskaya, ex-patinadora da antiga União Soviética, também estava no voo, de acordo com a agência de notícias russa Tass.

Autoridades russas confirmaram que alguns de seus cidadãos estavam a bordo.

A US Figure Skating, o órgão que representa a patinação artística nos EUA, lamentou o acidente.

"Esses atletas, treinadores e familiares voltavam para casa após o National Development Camp realizado em conjunto com o campeonato da U.S. Figure Skating em Wichita, Kansas", diz a declaração da entidade.

"Estamos devastados por esta tragédia indizível e guardamos as famílias das vítimas em nossos corações. Continuaremos monitorando a situação e divulgaremos mais informações assim que estiverem disponíveis."

O campeonato em Wichita ocorreu entre 20 e 26 de janeiro.

O que as testemunhas oculares disseram?

Ari Schulman disse à NBC Washington que viu o avião cair enquanto dirigia na George Washington Parkway, rodovia próxima do aeroporto.

Ele disse que a aproximação do avião parecia normal, até que viu a aeronave se inclinando fortemente para a direita, com faíscas na sua parte inferior.

Naquele momento, ele disse que sabia que algo estava "muito, muito errado".

As faíscas, segundo Schulman, iam do nariz do avião até a cauda.

Jimmy Mazeo disse que viu o acidente enquanto jantava com sua namorada em um parque perto do aeroporto.

Ele se lembra de ter visto um "clarão branco" no céu e que os aviões voando para o aeroporto Ronald Reagan pareciam estar seguindo "padrões irregulares".

Mazeo disse que só percebeu a gravidade da situação quando viu os serviços de emergência começarem a chegar ao local.

Resgate difícil

Frio, vento e gelo dificultam o trabalho das equipes de resgate no rio Potomac, dizem autoridades
Frio, vento e gelo dificultam o trabalho das equipes de resgate no rio Potomac, dizem autoridades
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Cerca de 300 socorristas em barcos foram mobilizados para procurar sobreviventes, disse o chefe dos Serviços de Incêndio e Emergência de Washington, John Donnelly.

"O desafio é o acesso. Há vento e pedaços de gelo [na água]. É perigoso e difícil trabalhar", disse ele.

As temperaturas caíram abaixo de zero durante a noite do acidente, de acordo com o National Weather Service (NWS).

As mínimas eram previstas em cerca de -1 a -2 °C ao redor da área.

Washington DC tem visto temperaturas congelantes nas últimas semanas, e o gelo cobre partes do Rio Potomac — embora quarta-feira tenha sido um dos dias mais quentes do ano até agora.

Como aeronaves militares devem evitar colisões

George Bacon, apresentador e ex-piloto das Forças Aéreas Reais do Reino Unido, disse à BBC que aeronaves e helicópteros militares voam rotineiramente próximos a aviões de passageiros.

"Eu voei como piloto militar nos EUA e estou um pouco familiarizado com o espaço aéreo ao redor de Washington DC. É altamente congestionado, mas o tráfego civil e militar compartilham uma frequência de rádio", diz ele.

Bacon acrescenta que os pilotos militares desfrutam de muito mais liberdade nos EUA quando se trata de navegação do que teriam no espaço aéreo do Reino Unido.

"Os militares se regulam e os pilotos podem escolher voar para onde quiserem e precisarem. Em um espaço aéreo controlado como este, eles ainda têm liberdade para tomar medidas de evasão, mas seguem a orientação dos controladores de voo. A ênfase é que eles devem sempre olhar ao redor, o que é conhecido no meio como 'observar e evitar'", detalha o ex-piloto.

Isso contrasta com os aviões civis, Bacon explica, que devem seguir rotas de voo pré-determinadas.

Questionado sobre a comunicação por rádio que alertou o piloto do helicóptero sobre a presença da aeronave de passageiros, ele avalia: "É padrão para controladores de tráfego aéreo perguntarem coisas como 'você vê a aeronave?'. Havia uma instrução muito clara, então caberia ao piloto do helicóptero militar evitar o avião comercial."

"Não é incomum que helicópteros militares estejam próximos de aeronaves comerciais. Os investigadores estabelecerão o que aconteceu e, se houver lições a serem aprendidas, haverá uma mudança nos procedimentos", complementa ele.

Equipes de resgate trabalham desde a madrugada de quinta (30/10) no local onde o avião e o helicóptero caíram
Equipes de resgate trabalham desde a madrugada de quinta (30/10) no local onde o avião e o helicóptero caíram
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Condições climáticas tiveram algum papel no acidente?

Embora a causa do acidente ainda seja desconhecida, quando há um evento do tipo, uma análise meteorológica detalhada é realizada por especialistas no assunto.

Os investigadores usarão essas informações para determinar se o clima teve algum impacto no choque entre o avião e o helicóptero.

Sabemos que o acidente aconteceu por volta das 21h, no horário local.

Embora o céu estivesse limpo, com visibilidade de mais de 16 km, havia alguns ventos fortes naquele momento em torno de Washington DC.

O vento vinha da direção oeste-noroeste com uma velocidade de 26 km/h, com rajadas de até 42 km/h.

O voo da American Airlines deve ter usado a Pista 33 (direção 330º), o que significa que estaria quase pousando contra o vento (290º), como uma aeronave normalmente faria.

No entanto, ainda há um componente de vento cruzado, algo que os pilotos estão cientes em qualquer pouso.

Neste caso, o vento cruzado na superfície era de 16 km/h com rajadas de 27 km/h.

Esses valores estão dentro dos limites da aeronave e da capacidade de um piloto pousar.

Diante disso, não haveria grandes preocupações com o clima na aproximação da aeronave do solo, segundo especialistas.

Acidente pode renovar questionamentos sobre congestionamento em aeroportos

Jonathan Josephs, repórter da BBC News, explica que é provável que esse acidente renove as discussões sobre a segurança na indústria da aviação dos EUA.

No ano passado, o governo americano aprovou dez novos espaços para voos no Aeroporto Nacional Reagan, apesar da oposição de alguns políticos locais, que levantaram preocupações com congestionamentos após alguns quase acidentes.

Relatos das conversas entre o controle de tráfego aéreo e a aeronave sugerem que os controladores estavam alertas sobre os perigos do acidente desta quarta.

No entanto, houve uma escassez de controladores de tráfego aéreo nos EUA nos últimos anos — e no ano passado, o Congresso autorizou a agência que regula o setor, a FAA, a recrutar mais profissionais.

O acidente ocorre depois de a FAA ter contratado a maior quantidade de trabalhadores em quase uma década no ano passado para lidar com uma escassez de cerca de 3 mil funcionários.

O chefe da United Airlines, Scott Kirby, disse à rádio NPR no mês passado que aquela era "a maior oportunidade de tornar as viagens aéreas melhores para os clientes nos Estados Unidos" e reduzir atrasos.

Voos foram desviados e aeroporto em Washington ficou fechado por algumas horas, mas será reaberto nesta quinta-feira (30/1)
Voos foram desviados e aeroporto em Washington ficou fechado por algumas horas, mas será reaberto nesta quinta-feira (30/1)
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O que as autoridades estão dizendo?

Em sua primeira declaração sobre o ocorrido, o presidente Donald Trump disse por meio de nota que foi informado sobre o "terrível acidente" e que estava monitorando a situação de perto.

"Que Deus abençoe suas almas", disse ele. "Obrigado pelo trabalho incrível que está sendo feito por nossos primeiros socorristas."

O vice-presidente JD Vance pediu orações para aqueles que estavam no acidente.

O secretário de Defesa Pete Hegseth e o secretário de Transportes Sean Duffy, cujas nomeações foram confirmadas recentemente, também disseram que estavam monitorando a situação.

A embaixada da Rússia nos EUA, por sua vez, enviou suas condolências às famílias das vítimas.

O CEO (diretor-executivo) da American Airlines, Robert Isom, expressou "profunda tristeza" em um vídeo que foi postado no site da companhia aérea.

Histórico de acidentes aéreos

O último grande acidente aéreo comercial ocorreu nos EUA em fevereiro de 2009, quando um voo da Continental Airlines que partiu de Newark, em Nova Jersey, operado pela Colgan Air, colidiu com uma casa ao se aproximar do aeroporto em Buffalo, em Nova York.

O avião era um Bombardier Q400, e 49 pessoas morreram.

O acidente mais recente da American Airlines foi em novembro de 2001, perto do Aeroporto Internacional John F. Kennedy.

O voo nº 587 da American Airlines, um Airbus A300, caiu logo após a decolagem, e vitimou 265 pessoas.

O voo tinha como destino Santo Domingo, na República Dominicana, e caiuno bairro do Queens, em Nova York.

Em 2009, um Airbus A320 da US Airways fez um pouso forçado minutos após decolar do aeroporto LaGuardia, em Nova York, depois que ambos os motores foram afetados por um bando de pássaros.

O piloto decidiu planar com o avião até o local de pouso no Rio Hudson, e todos os 155 passageiros e tripulantes foram resgatados sem fatalidades.

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