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Mundo

O que se sabe sobre morte de líder do Hamas no Irã atribuída pelo grupo a Israel

O Hamas disse que Ismail Haniyeh foi morto em um ataque israelense na capital do Irã na madrugada desta quarta-feira.

31 jul 2024 - 04h13
(atualizado às 18h57)
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Em foto de arquivo, Haniyeh fala a seus apoiadores durante um comício do Hamas
Em foto de arquivo, Haniyeh fala a seus apoiadores durante um comício do Hamas
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Ismail Haniyeh, líder do Hamas, foi morto em um ataque de Israel na capital do Irã, segundo o grupo.

De acordo com a mídia iraniana, Haniyeh estava hospedado em um prédio para veteranos de guerra em Teerã quando o ataque ocorreu na madrugada desta quarta feira (por volta das 2h do horário local). Alguns relatos sugerem que ele foi morto por um ataque aéreo.

Haniyeh, de 62 anos, era amplamente considerado o líder geral do Hamas. Ele viveu exilado no Catar nos últimos anos, incluindo os meses que se seguiram ao ataque de Hamas a Israel que desencadeou um conflito em grande escala em Gaza.

Israel não fez comentários, mas havia prometido destruir o Hamas após o ataque de 7 de outubro ao sul de Israel, que matou 1.200 pessoas.

Israel respondeu com uma operação militar massiva na Faixa de Gaza controlada pelo Hamas, que matou pelo menos 39.400 pessoas, segundo o ministério da saúde administrado pelo Hamas.

Segundo o Hamas, Haniyeh esteve em Teerã para participar da cerimônia de posse do novo presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, que tomou posse na terça-feira (30/7).

A morte de Haniyeh pode ter consequências importantes e potencialmente alastrar o conflito pelo Oriente Médio, segundo especialistas.

O assassinato aproxima a região de uma guerra total, avalaia Nader Hashemi, professor de Estudos do Médio Oriente na Universidade de Georgetown.

"Penso que também tem impacto nos acontecimentos no Líbano porque apenas algumas horas antes Israel tentou assassinar um líder importante do Hezbollah no sul de Beirute. Acreditava-se que Irã e o Hezbollah não estavam interessados numa escalada."

Mas o assassinato de Haniyeh alterou esses cálculos, acrescenta. "Agora o Irã tem todos os incentivos para tentar escalar este conflito."

No centro da imagem, Ismail Haniyeh aparece cercado por políticos iranianos no parlamento iraniano em Teerã, Irã, em 30 de julho de 2024
No centro da imagem, Ismail Haniyeh aparece cercado por políticos iranianos no parlamento iraniano em Teerã, Irã, em 30 de julho de 2024
Foto: ABEDIN TAHERKENAREH/EPA-EFE/REX/Shutterstock / BBC News Brasil

O membro do gabinete político do grupo, Musa Abu Marzuk, disse que foi um "ato covarde" e que "não ficará sem resposta". Outro alto funcionário do Hamas, Sami Abu Zuhri, disse que o grupo "continuaria no seu caminho".

O Ministério das Relações Exteriores do Irã disse que o "martírio" de Haniyeh "fortalecerá o vínculo profundo e inquebrável entre Teerã, a Palestina e a resistência", segundo a mídia estatal.

Os ministérios das Relações Exteriores da Rússia e da Turquia também condenaram o ataque.

A morte de Haniyeh ocorreu poucas horas depois de Israel afirmar ter matado o principal comandante militar do Hezbollah, um grupo baseado no Líbano, também apoiado pelo Irã. Israel disse ter matado Fuad Shukr em um ataque aéreo, em retaliação a um ataque com foguetes nas Colinas de Golã ocupadas por Israel no fim de semana.

O Hezbollah ainda não confirmou que um comandante sênior foi morto por um ataque israelense em Beirute na terça-feira, mas disse que Shukr estava em um prédio que foi alvo.

Irã promete vingança

O Irã reagiu ao assassinato prometendo vingança. A Guarda Revolucionária iraniana disse que sua resposta ao ataque seria "dura e dolorosa".

Em abril, o Irã disparou mais de 300 mísseis e drones contra Israel em reação ao assassinato de um alto comandante da sua Força Quds na Síria e de seis outros membros da guarda revolucionária no edifício do seu consulado na capital síria, Damasco.

A ação foi sem precedentes em seu alcance e seriedade. O temor é que o Irã possa promover um ataque de tipo semelhante contra Israel, explica o correspondente da BBC Persa Kasra Naji.

O Irã também poderia pedir às suas milícias na região que intensifiquem seus ataques a Israel. O Hezbollah agora também tem mais argumentos para intensificar a sua guerra de mísseis na fronteira com Israel.

"Será que tudo isto levará a uma guerra total na região? É difícil dizer. É claro que ninguém deseja tal resultado neste momento, mas as guerras nem sempre são o resultado de riscos calculados", resume Kasra Naji, correspondente da BBC Persa.

Morte de filhos e netos

Em 11 de abril, Ismail Haniyeh já havia sofrido um duro golpe de Israel.

Três dos seus filhos e dois netos foram mortos em ataque das Forças de Defesa de Israel em Gaza. O Exército israelense afirmou que os três irmãos eram "militares do Hamas" e confirmou que eles foram mortos, dizendo que foram "eliminados".

Na época, Haniyeh, também conhecido como "Abu Al-Abd", disse à rede de televisão Al Jazeera que recebeu a notícia enquanto visitava palestinos feridos que haviam sido transferidos para a capital do Catar para tratamento.

Ele disse que agradeceu a Deus pela "honra que me foi concedida pelo martírio dos meus filhos e netos" e garantiu que isso não afetaria o posicionamento do Hamas nas negociações do grupo com Israel sobre um cessar-fogo em Gaza.

"O inimigo tem ilusões se pensa que atacar os meus filhos, no auge das negociações e antes de enviarmos a resposta, levará o Hamas a mudar seu posicionamento", disse ele à Al Jazeera.

"O sangue dos meus filhos não é mais valioso do que o sangue do nosso povo", acrescentou Haniyeh.

Aquela não era a primeira vez que a família do líder do Hamas é atingida por Israel. Sabe-se que outro de seus filhos morreu em fevereiro, enquanto seu irmão e sobrinho foram mortos em outubro, seguidos por um neto em novembro.

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