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O que se sabe sobre naufrágio considerado 'uma das maiores tragédias migratórias' da Grécia

Pelo menos 79 pessoas morreram no naufrágio e 100 foram resgatadas. Acredita-se que ainda haja centenas de pessoas ainda desaparecidas e que o barco ia da Líbia à Itália.

14 jun 2023 - 23h09
(atualizado em 15/6/2023 às 07h42)
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Sobreviventes disseram que havia de 500 a 700 pessoas no barco
Sobreviventes disseram que havia de 500 a 700 pessoas no barco
Foto: Hellenic Coast Guard/Handout via REUTERS / BBC News Brasil

Pelo menos 79 pessoas morreram e mais de 100 foram resgatadas depois que um barco de pesca que transportava migrantes naufragou na costa sul da Grécia.

Sobreviventes e autoridades gregas dizem que centenas de outros migrantes estão desaparecidos.

O governo do país afirmou que esta é uma das maiores tragédias migratórias da Grécia e declarou três dias de luto.

O barco afundou a aproximadamente 80 km da cidade de Pylos. Acredita-se que ele estava indo da Líbia para a Itália e que a maioria das pessoas a bordo eram homens na faixa dos 20 anos.

Os sobreviventes falam que havia de 500 a 700 pessoas a bordo.

As nacionalidades das vítimas ainda não foram divulgadas.

A guarda costeira grega disse que o barco foi avistado em águas internacionais na noite de terça-feira (13) por uma aeronave da Frontex, a Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira.

Ninguém a bordo estava usando coletes salva-vidas, acrescentou a guarda costeira.

A emissora pública grega ERT disse que as autoridades fizeram contato com o barco por telefone via satélite em várias ocasiões e ofereceram ajuda, mas ouviram a resposta: "Não queremos nada além de ir para a Itália".

Algumas horas depois, por volta da 01h da manhã de quarta-feira (14) no horário local (no horário de Brasília, 20h de terça-feira), uma pessoa no barco avisou a guarda costeira de que o motor da embarcação estava com defeito.

Pouco depois, o barco virou, levando apenas dez a quinze minutos para afundar completamente.

Uma operação de resgate teve início, mas foi desafiada por ventos fortes.

A organização responsável pela Alarm Phone, uma linha telefônica de emergência para migrantes, afirmou que a guarda costeira da Grécia estava "sabendo que o navio estava em perigo horas antes de qualquer ajuda ser enviada" e que foi avisada por diversas fontes que o barco estava sob perigo.

A organização acrescentou que as pessoas que estavam no barco podem ter evitado o encontro com autoridades gregas porque estariam cientes das "práticas horríveis" do país com os migrantes.

De acordo com a mídia local, o barco estava viajando há dias e foi abordado por um cargueiro de Malta que forneceu comida e água na tarde de terça-feira.

O diretor regional de saúde da Grécia, Yiannis Karvelis, falou de uma tragédia sem precedentes.

"O número de pessoas a bordo era muito maior do que a capacidade permitida para aquele barco", afirmou Karvelis.

O comandante da guarda costeira Nikolaos Alexiou disse à TV pública que seus colegas viram pessoas amontoadas no convés e que o barco afundou em uma das partes mais profundas do Mediterrâneo.

Equipes socorrem sobreviventes em barco de resgate que desembarcou em Calamata
Equipes socorrem sobreviventes em barco de resgate que desembarcou em Calamata
Foto: BOUGIOTIS EVANGELOS/EPA-EFE/REX/Shutterstock / BBC News Brasil

Os sobreviventes foram levados para a cidade de Calamata — e muitos deles foram conduzidos ao hospital com hipotermia ou ferimentos leves.

A ERT disse que três pessoas suspeitas de serem contrabandistas foram levadas para a autoridade portuária central de Kalamata e estão sendo interrogadas.

A presidente da Grécia, Katerina Sakellaropoulou, visitou alguns dos resgatados e expressou sua tristeza por aqueles que se afogaram.

A cada ano, centenas de pessoas morrem tentando cruzar o Mediterrâneo. Em fevereiro, um barco que transportava migrantes virou perto de Cutro, no sul da Itália, matando pelo menos 94 pessoas — um dos incidentes com migrantes mais mortais já registrados.

Yiorgos Michaelidis, representante do Ministério da Migração da Grécia, disse ao programa World Tonight da BBC que a Grécia várias vezes pediu que à União Europeia que apresente uma política de migração "sólida" para "acolher pessoas que realmente precisam e não aquelas que têm dinheiro para pagar os contrabandistas".

"Neste momento, são os contrabandistas que decidem quem vem para a Europa", disse Michaelidis.

"A questão é que a União Europeia (UE) deve fornecer asilo, ajuda e segurança para aqueles que realmente precisam. Não é um problema da Grécia, Itália ou Chipre... A UE é quem deve concluir uma sólida política migratória."

A Grécia é uma das principais rotas de entrada na União Europeia para refugiados e migrantes do Oriente Médio, Ásia e África.

No mês passado, o governo grego foi alvo de críticas internacionais por imagens que supostamente mostravam a expulsão forçada de migrantes que ficaram à deriva no mar.

Mais de 70.000 refugiados e migrantes chegaram aos países da linha de frente da Europa este ano, com a maioria desembarcando na Itália, segundo dados das Nações Unidas.

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