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O que se sabe sobre Thomas Matthew Crooks, homem que atirou em Trump, segundo FBI

O homem que atirou em Trump, segundo FBI, tem 20 anos. Ele era filiado ao Partido Republicano, de acordo com a imprensa americana.

14 jul 2024 - 07h32
(atualizado em 18/7/2024 às 04h19)
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Foto de Thomas Crooks
Foto de Thomas Crooks
Foto: CBS / BBC News Brasil

O homem que atirou no ex-presidente dos EUA Donald Trump se chama Thomas Matthew Crooks e tinha 20 anos, segundo o FBI.

O suspeito, que trabalhava como auxiliar de cozinha, foi morto a tiros no local por um atirador do Serviço Secreto dos Estados Unidos.

Crooks era de Bethel Park, também Pensilvânia, a cerca de 70 km do local da tentativa de assassinato.

Segundo a imprensa americana, ele era filiado ao Partido Republicano, conforme registros de eleitores.

Mas, segundo o jornal The New York Times, ele também fez em janeiro de 2021 uma doação de US$ 15 ao Progressive Turnout Project, grupo que apoia candidatos do Partido Democrata, por meio de uma plataforma de doações do partido chamada ActBlue.

Crooks chegou a ser identificado como potencial ameaça pelo Serviço Secreto cerca de uma hora antes do ataque, mas os agentes o perderam na multidão. Essa informação foi repassada por investigadores a congressistas americanos na quarta (17).

"Ele foi identificado como personagem suspeito porque [tinha] um telêmetro e também uma mochila. E isso foi mais de uma hora antes do tiroteio realmente ocorrer", disse o senador John Barrasso à rede americana Fox News.

O telêmetro é um instrumento que pode ser usado para medir a distância até um alvo.

Um policial envolvido na investigação disse à CBS que um atirador de elite de uma equipe tática local destacada para ajudar o Serviço Secreto tirou uma foto do atirador olhando pelo telêmetro e imediatamente comunicou por rádio a um posto de comando.

De acordo com a ABC News e outros meios de comunicação dos EUA, o atirador de 20 anos foi avistado novamente no telhado de um prédio 20 minutos antes do início do ataque.

Ele foi morto por atiradores do Serviço Secreto 26 segundos depois de abrir fogo contra Trump.

Crooks pesquisou fotos de Trump

Foi revelado aos congressistas americanos que o atirador visitou o local do ataque, em Butler, pelo menos uma vez nos dias anteriores à tentativa de assassinato.

Crooks também usou seu celular para procurar imagens de Donald Trump e do presidente Joe Biden. E havia feito pesquisas sobre transtorno depressivo, segundo os investigadores.

O diretor do FBI Chris Wray disse aos legisladores americanos que mais de 200 entrevistas foram realizadas e 14.000 imagens revisadas como parte das investigações até o momento.

Mas, segundo Wray, ainda não se sabe o que motivou o atirador a tentar matar Trump.

Prêmio de matemática

Crooks se formou em 2022 na escola Bethel Park High, segundo declaração da instituição à CBS News, parceira da BBC nos Estados Unidos.

Na ocasião, ele recebeu um prêmio de US$ 500 da National Math and Science Initiative, organização sem fins lucrativos que incentiva o estudo de matemática e ciências, segundo o jornal Pittsburgh Tribune-Review.

"O distrito escolar expressar seus sinceros desejos de uma recuperação rápida e completa para o sr. Trump e para aqueles presentes no evento de sábado que podem ter sido fisicamente feridos ou emocionalmente afetados por estes trágicos acontecimentos", disse a escola Bethel Park High, após o atentado.

O Community College of Allegheny, ou CCAC, confirmou que Crooks frequentou a a faculdade comunitária entre setembro de 2021 e maio de 2024. Ele se formou em ciências da engenharia.

Num comunicado enviado à BBC, a faculdade observou que ele se formou "com grandes honras" e que uma análise de seus registros não revelou nenhum incidente disciplinar, de conduta estudantil ou de segurança.

A Universidade de Pittsburgh também disse à BBC que em fevereiro ele foi aceito como aluno transferido para o semestre de outono de 2024. No mês seguinte, ele optou por não comparecer.

A residência de Crooks em Bethel Park na segunda-feira (15/7)
A residência de Crooks em Bethel Park na segunda-feira (15/7)
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Crooks morava com os pais e trabalhava como auxiliar de cozinha numa casa de repouso para idosos.

Ele não carregava um documento de identidade no comício, então os investigadores usaram DNA e reconhecimento facial para identificá-lo, disse o FBI.

O Pentágono informou que Crooks não tinha formação militar.

"Confirmamos com cada um dos ramos do serviço militar que não há afiliação ao serviço militar para o suspeito com esse nome ou data de nascimento em qualquer ramo, componente ativo ou de reserva em seus respectivos bancos de dados", disse o porta-voz do Pentágono, o major-general Patrick S Ryder.

Trump foi baleado durante um comício na Pensilvânia. Agentes do Serviço Secreto retiraram o ex-presidente do palco após uma série de tiros.

Ele foi visto com sangue na orelha e chegou a erguer punho depois de se levantar do chão. Em seguida, entrou em um veículo e, após receber atendimento médico, retornou à sua casa em Nova Jersey.

O FBI afirma que está tratando o incidente como uma "tentativa de assassinato". A declaração do FBI acrescenta que o incidente é uma "investigação ativa e em andamento".

Autoridades locais confirmaram, no domingo, que havia "dispositivos suspeitos" no veículo de Thomas Crooks. A imprensa local também informou que a área ao redor da casa de Crooks foi fechada e moradores precisaram deixar a região, por causa da suspeita de que haveria explosivos no local.

Técnicos especializados em bombas foram acionados para investigar o caso.

Qual foi a motivação?

As autoridades estão investigando os possíveis motivos do ataque e se mais alguém estava envolvido.

"Atualmente não temos um motivo identificado", disse Kevin Rojek, agente especial responsável pelo FBI em Pittsburgh, em uma entrevista coletiva na noite de sábado.

A investigação sobre o que aconteceu pode durar meses, e os investigadores trabalharão "incansavelmente" para identificar qual foi a motivação de Crooks, disse Rojek.

Em declarações à CNN, o pai de Crooks, Matthew Crooks, disse que estava tentando descobrir "o que diabos está acontecendo", mas que "esperaria até falar com as autoridades" antes de dar declarações sobre seu filho.

Em declarações ao meio de comunicação local KDKA, alguns jovens locais que estudaram com ele o descreveram como um solitário, que sofria bullying frequentemente e às vezes usava "roupas de caça para ir à escola".

Outro ex-colega dele, Summer Barkley, o definiu de forma diferente, dizendo à BBC que ele "sempre tirava boas notas nas provas" e era "muito apaixonado por história".

"Ele parecia saber qualquer coisa sobre governo e história", disse ele. "Mas não era nada fora do comum... ele sempre foi legal."

Outros simplesmente se lembravam dele como alguém quieto.

"Ele estava lá, mas não consigo lembrar de ninguém que o conhecesse bem", disse à BBC um ex-colega de classe, que pediu anonimato. "Ele simplesmente não é um cara em quem eu realmente penso. Mas ele parecia legal."

Rejeitado em time de rifles da escola

Crooks foi membro de um clube de tiros local, o Clairton Sportsmen's Club, por pelo menos um ano.

O dono do clube, Bill Sellitto, disse à BBC que o tiroteio foi "uma coisa terrível, terrível". E que o acesso ao clube é rigidamente controlado, sendo permitido apenas membros dentro das amplas instalações.

"Obviamente, o clube condena totalmente o ato de violência sem sentido", disse o advogado Robert S Bootay III, que representa a organização, à BBC.

As autoridades acreditam que a arma usada para atirar em Donald Trump foi comprada pelo pai dele, segundo a agência de notícias Associated Press.

Falando sob condição de anonimato, dois policiais disseram à AP que o pai de Crooks comprou a arma há pelo menos seis meses.

As autoridades também dizem que Crooks comprou uma caixa de munição contendo 50 cartuchos no dia do comício, relata a CBS.

De acordo com relatos da imprensa norte-americana, no dia em que atirou em Trump, Crooks vestia uma camiseta do Demolition Ranch, um canal do YouTube com milhões de inscritos, conhecido pelo conteúdo sobre armas e artefatos explosivos.

Quando ainda frequentava a escola, Crooks foi rejeitado pelo time de rifles do ensino médio.

Um colega de classe disse à ABC News que pediram a ele que não retornasse ao time após uma sessão de pré-temporada.

"Ele não apenas não entrou para o time, como foi convidado a não voltar mais, porque, por ser um atirador ruim, era considerado um risco", disse Jameson Myers.

Outro membro do time lembrou como Thomas Crooks "atirava terrivelmente" e "não era adequado para integrar o time de rifles".

O distrito escolar, por sua vez, disse não haver registro de que Crooks tenha tentado entrar para o time de rifles.

Trump foi atingido na orelha durante comício na Pensilvânia
Trump foi atingido na orelha durante comício na Pensilvânia
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Quem são as vítimas do ataque a tiros?

Uma pessoa morreu e outras duas ficaram feridas no tiroteio. Todas as três vítimas são homens, adultos e estavam na plateia do evento, relata a CBS.

Em entrevista coletiva no domingo, o governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, informou que a vítima fatal era Corey Comperatore, um chefe dos bombeiros voluntários de 50 anos que foi morto quando "mergulhou sobre sua família" para protegê-los.

Ele disse que o Comperatore "morreu como um herói".

As duas pessoas feridas no ataque foram identificadas como David Dutch, de 57 anos, e James Copenhaver, de 74 anos.

Ambos os homens são residentes da Pensilvânia e estão em boas condições de saúde.

Uma página do site de arrecadação de fundos GoFundMe, organizada pela diretora financeira nacional da campanha de Trump, Meredith O'Rourke, foi criada horas após o ataque com doações destinadas às famílias dos feridos.

Até agora, arrecadou mais de US$ 340 mil (cerca de R$ 1,8 milhão).

Em uma postagem em sua plataforma Truth Social, Trump disse que foi "baleado por uma bala que perfurou a parte superior da minha orelha direita".

"Eu soube imediatamente que algo estava errado, pois ouvi um zumbido, tiros e imediatamente senti a bala rasgando a pele", escreveu Trump. "Ocorreu muito sangramento, então percebi o que estava acontecendo."

O sangue era claramente visível na orelha e no rosto de Trump enquanto os agentes o afastavam do local.

Trump está "bem" e grato aos agentes, de acordo com um comunicado publicado no site do Comitê Nacional Republicano.

Ele viajou para Milwaukee, Wisconsin, no domingo, um dia após o ataque a tiros, para participar da Convenção Nacional Republicana.

A que distância estava o atirador?

Trump se abaixou quando ouviu tiros
Trump se abaixou quando ouviu tiros
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Uma testemunha disse à BBC que viu um homem com um fuzil no telhado de um prédio antes de Trump ser baleado.

A BBC Verify analisou as imagens e confirmou que o atirador abriu fogo do topo de um armazém a menos de 200 metros do ex-presidente.

Imagens de vídeo obtidas pelo site TMZ mostram o momento em que o tiroteio começou.

O agressor abriu fogo com "um fuzil estilo AR-15", relata a CBS News.

Os serviços de segurança afirmam que um AR-15 foi recuperado do local. No entanto, o FBI diz que não foi possível determinar imediatamente que tipo de arma de fogo o atirador usou ou quantos tiros foram disparados.

Um atirador do Serviço Secreto respondeu aos disparos e matou o atirador, disse a agência.

Imagens posteriores mostram policiais armados se aproximando de um corpo no telhado do prédio.

Grácifo mostra o ataque
Grácifo mostra o ataque
Foto: BBC News Brasil

Uma imagem feita por um fotógrafo do New York Times, mostra o que parece ser uma bala em pleno voo, passando direto pela cabeça de Trump.

Então, o que sabemos sobre a arma usada no ataque, os danos que pode causar e quão perto Donald Trump esteve da morte?

O AR-15 esteve envolvido em vários tiroteios em massa.

Geralmente dispara um cartucho de 5,56 mm, o padrão da a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), embora possa ser convertido para disparar outros calibres. O AR-15 seria facilmente capaz de matar a essa distância, como evidenciado por uma morte (pelo menos) na multidão.

Segundo o analista de segurança Justin Crump, para que os fuzis de assalto causem o dano máximo "a energia do tiro tem que se dissipar, o que exige uma parada brusca".

É a transferência de energia, e não apenas o deslocamento físico causado pela bala, que torna os fuzis de assalto tão devastadores.

O fato de a bala ter passado pela orelha de Trump significa que a energia potencial devastadora contida na bala não foi transferida.

No entanto, não deve deixar de causar consequências, de acordo com Crump.

"A onda de choque que passou pelo tímpano não terá sido tranquila e pode deixar uma cicatriz", diz ele.

Se a bala tivesse sido apenas um centímetro para a direita, ou se a cabeça do ex-presidente estivesse num ângulo ligeiramente diferente, toda aquela energia cinética teria sido transferida para ele, com consequências devastadoras.

Em suma, Trump estava a centímetros da morte.

Esta reportagem foi traduzida e revisada por nossos jornalistas utilizando o auxílio de IA na tradução, como parte de um projeto piloto.

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