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O sacrifício de quase 100 mil visons infectados por coronavírus na Espanha

Autoridades de saúde detectaram que dezenas de milhares de visons criados em uma fazenda na Espanha estavam infectados com coronavírus. O surto também fez trabalhadores adoecerem, alertando as autoridades.

18 jul 2020 - 19h15
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Visons são criados nas fazendas devido ao valor de seus pelos
Visons são criados nas fazendas devido ao valor de seus pelos
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Quase 100 mil visons em uma fazenda no nordeste da Espanha serão sacrificados depois que muitos deles fizeram testes que deram positivo para coronavírus, informaram as autoridades de saúde do país.

O surto na província de Aragão foi descoberto depois que a esposa de um funcionário agrícola contraiu a doença em maio.

Desde então, seu marido e outros seis trabalhadores também tiveram covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus.

Os visons, criados por seu precioso pelo e para a produção de casacos de pele, foram isolados, e sua saúde foi monitorada após a infecção dos trabalhadores.

Quando os testes realizados em 13 de julho mostraram que 87% dos animais estavam infectados, as autoridades de saúde ordenaram o abate dos aproximadamente 92.700 animais.

Não está claro se a transmissão do vírus foi de humanos para animais ou vice-versa
Não está claro se a transmissão do vírus foi de humanos para animais ou vice-versa
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

A empresa que administra a fazenda, localizada em uma cidade a 200 km de Madri, receberá uma compensação financeira.

Risco de contágio

Ao lado de Madri e da Catalunha, Aragão tem sido um dos pontos mais críticos da pandemia na Espanha, onde até esta semana havia mais de 250 mil casos confirmados e cerca de 28 mil mortes desde o início da pandemia.

Joaquín Olona, ministro da Agricultura de Aragão, disse a repórteres na quinta-feira que a decisão de sacrificar os vison foi tomada "para evitar o risco de transmissão humana".

Olona enfatizou que não estava claro se "a transmissão era possível de animais para humanos e vice-versa".

Milhares de visons testaram positivo para coronavírus em fazendas da Europa
Milhares de visons testaram positivo para coronavírus em fazendas da Europa
Foto: EPA / BBC News Brasil

Mas uma possibilidade, disse ele, era que um trabalhador agrícola infectado havia transmitido a doença acidentalmente aos animais.

Outra teoria é a de que os animais transmitiem a doença aos trabalhadores, disse ele, mas não há evidências conclusivas para provar que isso ocorra de fato.

Por que as fazendas de vison estão em risco? Análise de Helen Briggs, jornalista de saúde e ciência da BBC

Mais de um milhão de casos do vírus em visons de criação em cativeiro foram detectados na Europa, onde estão em andamento estudos para descobrir como e por que eles foram afetados.

Há muito se sabe que o vison pode contrair a infecção. E as condições são propícias para a doença se espalhar rapidamente de um animal para outro.

O novo coronavírus teve sua origem no reino animal. Mas agora é mais provável que os animais sejam expostos ao vírus por meio do contato com portadores humanos.

Os criadores de vison foram alertados para o problema quando seus animais adoeceram.

Cientistas temem que, se o vírus passar para a vida selvagem, não perceberemos isso por um tempo.

E o coronavírus poderá ser catastrófico para animais em extinção, como gorilas e chimpanzés.

O que sabemos sobre a transmissão de animais para humanos?

Estudos demonstraram que o vírus é contagioso entre certos animais, incluindo cães e gatos.

No entanto, pouco se sabe sobre a possibilidade de transmissão de animal para humano, algo que os especialistas estão investigando.

Milhares de visons também foram abatidos na Dinamarca e na Holanda após a detecção de contágios.

A Holanda é outro país onde visons foram abatidos
A Holanda é outro país onde visons foram abatidos
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que as infecções podem ser os "primeiros casos conhecidos de transmissão de animais para humanos" desde o início da pandemia na China.

Em uma entrevista coletiva em junho, a epidemiologista da OMS Maria van Kerkhove disse: "Houve indivíduos que infectaram visons... e, por sua vez, alguns desses visons infectaram algumas pessoas".

Van Kerkhove explicou: "Estamos entendendo o que isso realmente significa em termos de transmissão e qual papel [os visons] podem desempenhar".

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