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O tuíte de Donald Trump contra loja de roupas que desatou uma nova polêmica política nos EUA

9 fev 2017 - 09h38
(atualizado às 11h34)
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Ivanka Trump não tem cargo no governo do pai, mas o acompanha com frequencia em compromissos oficiais
Ivanka Trump não tem cargo no governo do pai, mas o acompanha com frequencia em compromissos oficiais
Foto: Getty Images

Um tuíte do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticando uma loja de departamentos que rejeitou a linha de moda de sua filha Ivanka, causou polêmica nos Estados Unidos.

"Minha filha Ivanka foi tratada muito injustamente pela @Nordstrom. Ela é uma ótima pessoa, sempre me empurrando para fazer a coisa certa. Terrível!", escreveu o presidente.

Trump publicou o comentário usando sua conta pessoal do Twitter; em seguida, ele foi retuitado pela conta oficial dele como presidente dos EUA.

Políticos democratas classificaram a iniciativa de "inapropriada", "ultrajante" e "antiética".

A loja de departamentos Nordstrom afirma que sua decisão veio após a queda das vendas dos produtos da marca Ivanka Trump
A loja de departamentos Nordstrom afirma que sua decisão veio após a queda das vendas dos produtos da marca Ivanka Trump
Foto: Getty Images

A Nordstrom é a quinta rede de lojas a rejeitar os produtos da marca alegando queda de vendas.

O jornal New York Times publicou na semana passada que as cadeias T.J. Max e Marshalls orientaram seus funcionários a retirar os cartazes que identificavam produtos da marca Ivanka Trump. As peças foram misturadas nas prateleiras onde estão a maioria das mercadorias.

Doreen Thompson, porta-voz da TJX Companies - empresa-mãe das duas cadeias - alegou que a ordem era evitar a exposição privilegiada das peças Ivanka Trump, mas não parar de vendê-las.

Conflito de interesses

A Nordstrom não é a primeira empresa criticada publicamente por Trump. Em um tuíte dirigido à Toyota, Trump ameaçou impor tarifas aduaneiras a carros produzidos no México como resposta a planos da montadora japonesa de abrir uma nova fábrica no país vizinho.

Essa é a primeira vez, entretanto, que Trump defende abertamente um negócio da própria família, o que reacendeu o debate sobre conflito de interesses do presidente e seus negócios ou interesses familiares.

A decisão da loja de departamentos ocorre em meio a uma campanha para boicotar produtos com o nome Trump, que tem o nome #GrabYourWallet (pegue sua carteira) - uma referência a um vídeo de 2005 - que veio à tona durante a campanha passada - em que Trump aparece se gabando de poder conseguir as mulheres que quisesse por ser famoso e poder simplesmente "pegá-las pela vagina".

Reação

Entre os políticos democratas que condenaram o tuíte está o senador Bob Casey. Segundo um porta-voz, ele considera "antiético e inapropriado" um presidente atacar uma empresa privada porque ela se recusou a enriquecer sua família".

Norm Eisen, que ocupou cargo de conselheiro especial de ética do governo Barack Obama, chamou o tuíte de "indignante". Eisen recomendou que a Nordstrom processe Trump com base na lei da livre concorrência da Califórnia.

Kathleen Clark, professora de direito da Universidade Washington em St. Louis e especialista em ética governamental, considerou especialmente preocupante o fato de Trump usar a conta oficial da Casa Branca para lançar suas críticas e defender o negócio da filha.

O porta voz da Casa Blanca, Sean Spicer, afirmou que a decisão da Nordstrom teve motivação políticas
O porta voz da Casa Blanca, Sean Spicer, afirmou que a decisão da Nordstrom teve motivação políticas
Foto: Getty Images

"A ameaça implícita é que ele vai usar toda a autoridade que tem para castigar a Nordstrom ou qualquer um que afete seus interesses", disse Clark à AP.

A Casa Branca tentou minimizar a polêmica.

O porta-voz do governo, Sean Spicer, disse que a decisão da Nordstrom era política e que o presidente estava simplesmente reagindo a um ataque contra a filha dele.

"Ele tem todo o direito de defender sua família e de aplaudir suas atividades, negócios e sucessos", disse Spicer, que disse que a decisão da loja de departamentos foi tomada por "preocupação pelos atos ou ordens executivas" do presidente dos EUA.

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