O tuíte de Donald Trump contra loja de roupas que desatou uma nova polêmica política nos EUA
Um tuíte do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticando uma loja de departamentos que rejeitou a linha de moda de sua filha Ivanka, causou polêmica nos Estados Unidos.
"Minha filha Ivanka foi tratada muito injustamente pela @Nordstrom. Ela é uma ótima pessoa, sempre me empurrando para fazer a coisa certa. Terrível!", escreveu o presidente.
Trump publicou o comentário usando sua conta pessoal do Twitter; em seguida, ele foi retuitado pela conta oficial dele como presidente dos EUA.
Políticos democratas classificaram a iniciativa de "inapropriada", "ultrajante" e "antiética".
A Nordstrom é a quinta rede de lojas a rejeitar os produtos da marca alegando queda de vendas.
O jornal New York Times publicou na semana passada que as cadeias T.J. Max e Marshalls orientaram seus funcionários a retirar os cartazes que identificavam produtos da marca Ivanka Trump. As peças foram misturadas nas prateleiras onde estão a maioria das mercadorias.
Doreen Thompson, porta-voz da TJX Companies - empresa-mãe das duas cadeias - alegou que a ordem era evitar a exposição privilegiada das peças Ivanka Trump, mas não parar de vendê-las.
Conflito de interesses
A Nordstrom não é a primeira empresa criticada publicamente por Trump. Em um tuíte dirigido à Toyota, Trump ameaçou impor tarifas aduaneiras a carros produzidos no México como resposta a planos da montadora japonesa de abrir uma nova fábrica no país vizinho.
Essa é a primeira vez, entretanto, que Trump defende abertamente um negócio da própria família, o que reacendeu o debate sobre conflito de interesses do presidente e seus negócios ou interesses familiares.
A decisão da loja de departamentos ocorre em meio a uma campanha para boicotar produtos com o nome Trump, que tem o nome #GrabYourWallet (pegue sua carteira) - uma referência a um vídeo de 2005 - que veio à tona durante a campanha passada - em que Trump aparece se gabando de poder conseguir as mulheres que quisesse por ser famoso e poder simplesmente "pegá-las pela vagina".
Reação
Entre os políticos democratas que condenaram o tuíte está o senador Bob Casey. Segundo um porta-voz, ele considera "antiético e inapropriado" um presidente atacar uma empresa privada porque ela se recusou a enriquecer sua família".
Norm Eisen, que ocupou cargo de conselheiro especial de ética do governo Barack Obama, chamou o tuíte de "indignante". Eisen recomendou que a Nordstrom processe Trump com base na lei da livre concorrência da Califórnia.
Kathleen Clark, professora de direito da Universidade Washington em St. Louis e especialista em ética governamental, considerou especialmente preocupante o fato de Trump usar a conta oficial da Casa Branca para lançar suas críticas e defender o negócio da filha.
"A ameaça implícita é que ele vai usar toda a autoridade que tem para castigar a Nordstrom ou qualquer um que afete seus interesses", disse Clark à AP.
A Casa Branca tentou minimizar a polêmica.
O porta-voz do governo, Sean Spicer, disse que a decisão da Nordstrom era política e que o presidente estava simplesmente reagindo a um ataque contra a filha dele.
"Ele tem todo o direito de defender sua família e de aplaudir suas atividades, negócios e sucessos", disse Spicer, que disse que a decisão da loja de departamentos foi tomada por "preocupação pelos atos ou ordens executivas" do presidente dos EUA.