Obama pede que prefeitos dos EUA busquem reformas na polícia em vista de protestos
Em seus primeiros comentários ao vivo a respeito dos tumultos que se espalharam por dezenas de cidades dos Estados Unidos, o ex-presidente Barack Obama exortou, na quarta-feira, cada prefeito norte-americano a rever as políticas de uso da força de seus departamentos de polícia, consultando suas comunidades.
O primeiro presidente negro dos EUA também expressou otimismo, apesar de reconhecer o desespero e a revolta que insuflam os protestos desde que George Floyd, um homem negro que estava desarmado, morreu quando um policial branco pressionou seu pescoço com o joelho na semana passada.
"De certas maneiras, por trágicas que estas últimas semanas tenham sido, por difíceis, assustadoras e incertas que tenham sido, elas também foram uma oportunidade incrível para as pessoas despertarem para algumas destas tendências subjacentes", disse o democrata Obama em uma transmissão ao vivo de sua casa em Washington.
"E elas oferecem uma oportunidade para todos nós trabalharmos juntos para combatê-las, para enfrentá-las, para mudar a América e fazê-la estar à altura de seus ideais mais elevados".
Obama também se dirigiu diretamente aos jovens negros norte-americanos, dizendo-lhes: "Quero que vocês saibam que importam, quero que vocês saibam que suas vidas importam, que seus sonhos importam".
O tom do discurso de Obama contrastou com a maneira como seu sucessor, o republicano Donald Trump, reagiu aos protestos, alguns dos quais degeneraram em violência. Trump ameaçou mobilizar os militares do país para reprimir as manifestações e orientou os governadores a "endurecerem".
Na terça e quarta-feiras, os ex-presidentes George W. Bush, um republicano, e Jimmy Carter, um democrata, emitiram comunicados em que também adotaram um tom mais comedido do que o de Trump.
Obama não mencionou Trump na quarta-feira, mas criticou ações tomadas pelo presidente.
O discurso de quarta-feira foi parte de um debate organizado pelo My Brother's Keeper, um programa que Obama criou em 2014 na esteira da morte a tiros do adolescente negro Michael Brown, de Ferguson, no Missouri, pelas mãos da polícia, para tratar das desigualdades raciais. A comissão incluiu o ex-secretário de Justiça Eric Holder e outros líderes negros.
Obama, que testemunhou reações semelhantes quando no poder após uma série de episódios de mortes de homens negros pela polícia, questionou a ideia de que é preciso escolher entre "votar versus protestar" ou "participação versus desobediência civil".
Ele também criticou implicitamente aqueles que, como Trump, concentraram suas críticas nos manifestantes.