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Oceania

Igreja Anglicana é acusada de mais de mil casos de pedofilia

75% das 1.082 vítimas eram homens e sua idade média era de 11 anos. Os mais jovens tinham pouco mais de sete anos

17 mar 2017 - 10h02
(atualizado às 11h48)
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A comissão oficial que investiga os abusos sexuais a menores na Austrália revelou nesta sexta-feira a denúncia de mais de mil casos na Igreja Anglicana, um mês após a revelação de mais de 4 mil na Igreja Católica.

Um relatório entregue à comissão mostrou que 75% das 1.082 vítimas eram homens e sua idade média era de 11 anos, embora os mais jovens tinham pouco mais de sete, segundo denúncias apresentadas entre 1980 e 2015.

Os agressores identificados são 569, dos quais 247 eram clérigos ordenados, 285 laicos e outros 37 de status desconhecido
Os agressores identificados são 569, dos quais 247 eram clérigos ordenados, 285 laicos e outros 37 de status desconhecido
Foto: iStock

"Vimos seus rostos, ouvimos suas vozes, não somente a dor do abuso que sofreram quando crianças, mas o dano que fizemos, já que quando adultos buscaram justiça e consolo e os abandonamos", disse perante a comissão a secretária-geral do sínodo geral da Igreja Anglicana da Austrália, Anne Hywood.

"Não acreditamos naqueles que denunciaram e tratamos de silenciá-los (...) Nos preocupou mais a reputação da igreja do que os que foram abusados", disse Hywood.

Depois, foi apresentado o relatório perante a comissão criada em 2012 para investigar a resposta institucional à pederastia. Hoje começou em Sydney a última série de audiências centrada nos casos que ocorreram dentro da Igreja Anglicana.

Os agressores identificados são 569, dos quais 247 eram clérigos ordenados, 285 laicos e outros 37 de status desconhecido, segundo o relatório obtido pela Agência Efe, no qual afirma que 94% dos violadores eram homens.

A advogada conselheira da comissão, Gail Furness, advertiu que o número de casos poderia ser maior já que "muitos dos sobreviventes enfrentam barreiras que lhes impedem de denunciar os abusos externamente ou perante as instituições onde ocorreram estes abusos".

O relatório também indica que a diocese de Brisbane acumula 371 denúncias, enquanto a Sociedade das Crianças da Igreja da Inglaterra (CEBS, sigla em inglês), uma organização que opera em várias cidades australianas, soma 147.

Nessa sociedade existiam "redes de agressores" que "tinham conhecimento dos crimes dos outros contra os menores e facilitaram o abuso sexual das crianças ou outros associados com o CEBS", apontou Furness.

Também foi informado que a Igreja Anglicana australiana, que se desculpou perante as vítimas em 2004, já pagou US$ 24 milhões em indenizações por 459 denúncias.

Antes da audiência, o arcebispo anglicano, Philip Freier, expressou a consternação de sua igreja perante as revelações da comissão.

"Estamos profundamente envergonhados pela forma como os sobreviventes se decepcionaram, tanto pela maneira como atuamos como por como falhamos em atuar", disse Freier em comunicado.

O bispo de Newcastle, Greg Thompson, que renunciou ontem por problemas de saúde após tentar reformar a igreja para que enfrentasse os casos de pedofilia, lamentou que não se tenha alcançado uma postura comum entre as dioceses.

"Acredito que foi solapada pelos interesses tribais, interesses estabelecidos em manter as jurisdições e não permitir que outra pessoa venha a nosso território e nos diga que fazer", segundo a cadeia local ABC.

Os casos da Igreja Anglicana se somam às 4 mil denúncias que foram feitas entre 1980 e 2015 por abusos no seio da Igreja Católica australiana, e 1.880 agressores foram encontrados, entre eles 597 irmãos religiosos e 572 sacerdotes.

A comissão apresentou no ano passado 99 recomendações às autoridades sobre como atender as vítimas, além de um plano de compensações de 4 bilhões de dólares australianos (US$ 3 bilhões).

Em novembro passado, o governo da Austrália anunciou que indenizará cada vítima de abusos sexuais cometidos no seio de instituições públicas e religiosas do país com até 150 mil dólares australianos (US$ 114,8 mil).

Crianças peruanas sofrem com abuso sexual:
EFE   
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