Vítimas de pedofilia processam Papa por indenização
Aborígenes dizem que Vaticano não tomou medidas contra agressor
Três homens australianos estão processando o papa Francisco e a Igreja Católica para obter ressarcimentos por crimes de pedofilia cometidos contra eles por um padre.
A informação é do jornal The Sydney Morning Herald, que diz que esse é o primeiro caso conhecido na Austrália em que vítimas de abusos sexuais por parte do clero tentam responsabilizar um pontífice pelo fracasso da Igreja em coibir pedófilos.
Os acusadores são três homens aborígenes que foram violentados sexualmente quando crianças, entre 1983 e 1991, pelo padre Michael Glennon. Segundo os australianos, a Igreja Católica sabia dos crimes do sacerdote, mas não tomou nenhuma medida contra ele.
Os aborígines dizem ter sofrido impactos "significativos em suas vidas", como vício em drogas, desemprego e falta de moradia, devido aos abusos sofridos na infância. Além do Papa, eles também querem indenizações da Arquidiocese de Melbourne e de seu arcebispo, Peter Comensoli.
Ainda de acordo com o Sydney Morning Herald, essa pode ser a primeira vez que um tribunal na Austrália pune a Igreja Católica enquanto instituição por não conseguir proteger crianças de padres pedófilos.
A advogada das três vítimas, Angela Sdrinis, espera que o núncio do Vaticano no país, Adolfo Tito Yllana, aceite a notificação do processo em nome de Francisco. "Trata-se de fazer o Papa e o Vaticano aceitarem suas responsabilidades", disse Sdrinis ao jornal de Sydney.
"Qual a desculpa para não terem-no laicizado?", acrescentou, em referência a Glennon, que morreu em 2014, quando cumpria pena por estupro, assédio sexual e abuso psicológico contra 15 crianças, especialmente de famílias vulneráveis e aborígenes.
Em 1978, após uma condenação a dois anos de prisão por assédio, a Arquidiocese de Melbourne já havia removido Glennon das funções de padre, mas apenas o Vaticano, então sob a égide do papa João Paulo II, poderia torná-lo laico novamente.
Ao longo das décadas seguintes, o pedófilo continuou se apresentando como sacerdote, inclusive celebrando batismos, confissões e outros sacramentos, segundo o Sydney Morning Herald. Glennon só seria expelido pelo Vaticano em 1999.