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ONG para vítimas de guerra vai ajudar setor de saúde na Calábria

Governo italiano fechou parceria com Emergency, de Gino Strada

18 nov 2020 - 14h34
(atualizado às 14h58)
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Em meio à crise no setor de saúde na Calábria, o governo da Itália fechou um convênio para a ONG Emergency, fundada pelo médico e ativista Gino Strada, administrar hospitais de campanha para pacientes da Covid-19 na região.

Gino Strada, fundador da ONG Emergency
Gino Strada, fundador da ONG Emergency
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

Com sede em Milão, a entidade existe desde 1994 e oferece tratamentos e cirurgias de graça para vítimas de guerra, de minas terrestres e da pobreza. Além de cuidar de estruturas de campanha, ela dará suporte em hotéis para quarentena de infectados e em áreas de triagem de hospitais calabreses.

Situada no "bico da bota", a região tem quase 2 milhões de habitantes e enfrenta uma crise em seu setor sanitário, que está sob intervenção de Roma desde 2009 devido a dívidas e infiltrações do crime organizado em gestões anteriores - a Calábria é berço da 'ndrangheta, poderosa máfia que tem ramificações no mundo inteiro.

Desde 7 de novembro, três comissários nomeados pelo governo italiano para a Secretaria de Saúde deixaram o cargo, que agora está vago, por causa de gafes ou motivos pessoais.

O primeiro, Saverio Cotticelli, renunciou após ter dito a uma TV que não sabia que cabia a ele preparar um plano regional contra a pandemia. O segundo, Giuseppe Zuccatelli, se demitiu depois da divulgação de um vídeo no qual ele afirma que as máscaras de proteção "não servem para merda nenhuma".

Já o terceiro, Eugenio Gaudio, ficou menos de 24 horas na função e desistiu porque sua esposa não quis se mudar para Catanzaro, capital da Calábria.

"Definimos um acordo entre a Emergency e a Proteção Civil para contribuir concretamente na resposta à emergência sanitária na Calábria", anunciou Strada na última terça-feira (17). Partidos da base aliada pressionavam para o premiê Giuseppe Conte nomear o médico e ativista como comissário, mas fontes do governo disseram que ele não estava disponível para assumir o cargo.

"Acredito que a contribuição de Gino Strada será importante para a Calábria", disse o ministro da Saúde da Itália, Roberto Speranza, que está na mira da oposição por causa do entra e sai de comissários na Secretaria de Saúde calabresa.

Zona vermelha

Ao longo da última década, a Calábria conseguiu reduzir sua dívida, mas para isso desmantelou parte de seu sistema sanitário, o que fez a gestão Conte classificá-la como "zona vermelha" na pandemia, apesar de ter números muito menores que outras regiões nesse regime, como Lombardia e Piemonte.

As áreas vermelhas têm regras semelhantes às do lockdown vigente entre março e maio, como proibição de sair de casa a não ser por motivos de trabalho, saúde ou urgentes e fechamento do comércio não essencial.

A Calábria registrou 936 casos do Sars-CoV-2 nesta quarta-feira, com 48 contágios para cada 100 mil habitantes, apenas o 14º maior índice entre as 20 regiões da Itália, porém o "bico da bota" sofre com poucos leitos de UTI (239) e escassez de operadores sanitários e laboratórios de testagem.

A região também vive um período de transição política, após a morte da governadora Jole Santelli, que tinha 51 anos e lutava contra um câncer, em 15 de outubro. Ela foi substituída interinamente por Antonino Spirlì até a realização de novas eleições, ainda sem data definida.  

Ansa - Brasil
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